Ao Samaritano

Aquele que diz

um silêncio amigo,

dois três ecos

de um sussurro,

estende a mão da ajuda

àquele que

teme e geme

na solidão

do escuro.

Aquele que ouve

no escutar presente

o que sente o outro,

o que o outro pensa,

num momento compensa

o tormento

de quem se ressente

da presença

de uma grande ausência.

Aquele que doa

um tempo de si

e nada apregoa,

apenas sorri

e se planta

à margem dos torvelinhos

da alma de outrem,

na calma de alguém

que só quer se importar,

oferece a este uma chance

de saber que a seu alcance

estão os meios de tudo sanar.

Aquele que sente,

até de longe,

na face do próximo

o rolar da lágrima

incompreendida,

sem querer prendê-la

sem buscar repreendê-la

ou secá-la

num conselho de vida,

acaba dando um abraço

de amigo querido.

Mesmo sendo apenas a voz

de alguém desconhecido.

Aquele que vive

o sentimento alheio,

o sofrimento do próximo,

estando próximo

e nunca alheio,

Conversando feito

Vizinho de boa

Vontade,

Como

Valiosa

Visita,

Companheiro

Voluntário na

Vinda,

Cedendo a

Vez e a

Voz,

Calando sua

Versão, ante a

Verdade do irmão,

Clareia a

Visão da

Ventura,

Concede ao

Vencido a

Vitória,

Com tanta

Vida a

Viver.

Aquele que se vê, vendo

ao outro também,

sabe o quanto

se vive

melhor

estando junto

de alguém.