Rede de Cristal (Ao fã de Nelson Rodrigues)

É o cão que de manhã

Diz-me belas palavras

Embala-me em ninares

Rima ardil e estonteante

A alma desconvencional

Nutre pecado mortal e a

Taça de veneno a alcance

Olhos perdidos no infinito

Nada compartilho ao vento

Insistentes quereres do mal

Ocultam-se em meu espírito.

Glória aos homens santos

A ti o cetro de ouro e safira

Rios de amores e leite e mel

Crisântemo que não descora

Instinto milicial nasce ao léu

Nudez pura de menino Deus

Descei-me à tumba infernal

E perdoar-te-ia ante todos!

A carne me cobra o paraíso

Rara ilusão que transcende

Ainda que Verdade diz não

Últimos vis arranhares a ti

Juro permanecer à léguas!

Obrigado por inspirar-me.