CONFISSÕES TRANSFORMADORAS
Cada linha que traço, deixo um retrato
Oscilando na angustia ou prazer
Nada é perfeito, tudo é minado
Fatias dessas horas, doces retardos
Inspira e comove, liberta e atenua
Sou assim, completamente nua
Suave, atroz, complexa, insegura
Ou impura, pura malícia, candura
Entregue ao enredo, à síntese ou
Segredos, que a vida deseja, vou sê-los
Traçando em mim a imagem do ser
Rabiscos da alma, do ter, do querer
Ainda que completa mente solta
Navego no abismo, imenso, profundo
Suspensa nas asas , auréolas do mundo
Faminta e sedenta, na imensidão me perco
O corpo minado, exausto, se ergue
Renovado no mel, que exalas do fel
Manchando os vãos, riscando meu chão
Algemas quebradas na luz, na escuridão
Diante de ti, me faço, renasço.
O corpo em pedaços, rasteja, lateja
Ruídos somente, ecoa nos altos
A manhã me encontra, sedenta em teus braços
Sem forças adormeço, enfim , tudo esqueço.