274-SAUL EM FAMÍLIA PEQUENA/Autobiografia

274-SAUL EM FAMÍLIA PEQUENA/Autobiografia

Acróstico Nº 2

Por Sílvia Araújo Motta

S-São tantos fatos à mão...

A-A poesia é uma pintura,

U-Um pincel no coração...

L-Lindo quadro, se emoldura!

-

E-Está chovendo lá fora,

M-Mas aqui, feliz Senhora!

-

F-Fita graciosa folia,

A-Atende um “ai” sem demora!

M-Muito perto da alegria,

Í -Insiste, a saudade , agora...

L-Ligeiro “um” empurra o irmão,

I - Instante, seu grito implora!

A-À Mãe, mais uma apreensão.

-

P-Perto o Sérgio que sorria

E-Então começa a chorar...

Q-Que susto! E a Mãe daria

U-Um passo para ajudar...

E-E Julinda o socorria!

N-No entanto, Tuca corria

A-Ao Papai pra se amparar.

Belo Horizonte, 30 de julho de 2005.

---***---

AUTOBIOGRAFIA

SAUL ALVES MARTINS

I

Não longe de Goiás nem da Bahia,

Em pleno chapadão norte-mineiro,

Foi lá, precisamente ao meio dia,

No chão de estrada velha do Pandeiro,

Que vim à luz, me opondo à biologia,

Pois se deu de novembro no primeiro

E pelas contas de mamãe seria

Em princípios do mês de fevereiro.

O ponteiro das eras navegava

Sobre o século vinte e se abeirava

Do número dezoito, indiferente.

Levaram-me, com toda a segurança,

Da caixa de sapatos à balança,

Eu nem pesava um quilo propriamente.

II

Atrás de sonhos e ilusões pequenas,

O meu pai nos levou para a cidade,

Disse, chorando adeus às açucenas

E ao ranchinho de paz e liberdade.

Dura falta sentimos das amenas

Terras da nossa generosa herdade,

Pois quem viveu na roça um mês apenas

Plantou no peito o espinho da saudade.

Seguindo é certo, as curvas do destino,

Foi boa a minha vida de menino,

Foi boa a minha infância, muito boa:

À noitinha, assistindo ao São-Gonçalo,

Nos veredais imensos, a cavalo,

Sobre o dorso das águas, de canoa.

III

Nem de longe me passa a fantasia

De vestir-me de príncipe, se nada

Ou quase nada fui na amarga via

Em que passei durante a caminhada.

Apenas rampas e portões eu via

No percurso de toda a minha estrada;

Nunca alcancei os louros da poesia

E nem tive o consolo de uma fada.

Por onde andei fiz boas amizades,

De muita gente acumulei saudades,

Sempre que pude dei a mão a alguém.

Sou rude aos maus, prezo a justiça e a vida,

Creio em Deus e na Virgem-mãe querida,

De vício nem de nada sou refém.

(in: Canção da Terra: 1998:15,16,17.)

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Silvia Araujo Motta
Enviado por Silvia Araujo Motta em 08/12/2005
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