Carinho é bom demais

Relembrando José Norinaldo (in memorian)

Texto

30/01/2013

O Giro da Maçaneta.

J. Norinaldo

Quando a maçaneta gira quase sempre na madrugada dificilmente é notada a alegria que traz, no alívio no sorriso que as vezes alisa as rugas de uma face já cansada que pensa mas não diz nada: Eu também tive o meu tempo, era um pouco diferente, ora que tempo que tive o tempo nunca foi meu, se fosse hoje o meu filho não me chamava de careta por cultivar a insônia nessa espera medonha pelo giro da maçaneta. Quantas noites sem dormir com medo dos pesadelos, onde o mais malvado dos destinos esqueça dos meus meninos e não venha trazê-los. É tão belo ver os filhos, como o pássaro que aprende voar e se solta, mas a maior felicidade e vê-los voar de volta, estar sempre a nossa volta.

Imagine alguém que sai de casa de madrugada com sua face enrugada para reconhecer um filho, a quem já conhece tanto e agora através do pranto não reconhece ninguém. Não pode ser o meu filho, mas que conversa é esta, ele saiu pra uma festa e era só alegria me lembro bem do que disse: Pai, mãe, podem dormir sossegados, Deus estará do meu lado, e nunca mais os chamarei de careta, prometo quando chegar, fazer bastante barulho ao girar a maçaneta. Não amigo, o meu filho não morreu, deve ser noutro endereço, ou simplesmente um engano, nem um pai ou uma mãe merecem e eu não mereço esta infelicidade, porém a grande verdade é que o filho era meu.

Que Deus ampare a nós todos, quem partiu e quem ficou, acreditando no amor e na vontade divina, e que o destino e a sina podem até serem caretas, e que tudo na vida passa, menos a ânsia do girar das maçanetas.

Acróstico baseado na crônica de José Norinaldo Tavares com o título de:

O GIRO DA MAÇANETA

J unto a minha insônia fico

O uvindo barulhos bem vindos

S erá a maçaneta girando ou

É um pesadelo chegando.?

N ão pesadelo não pode ser

O uça a maçaneta girar

R epercurte como alívio

I nquieto fico a espera, mas

N ão é isto, ouço a campainha

A ssim corro a levantar

L ogo me vejo saindo

D eve haver algum engano

O nde estão me levando

T eve uma tragédia

A vida de alguns se foram

V enha ver se é teu filho

A h! Não pode ser

R espondi, mas em vão

E ra ele ali sem vida

S onhos desfeitos, perdi o chão.

Com tristeza

Angelica Gouvea