Débora.
Débora.
Deitei meus olhos extenuado no horizonte, essa linha tênue entre a ótica e o sonho.
É, estou deixando para trás uma imensidão de desejos frustrados,
Boto a cabeça sobre a areia, enquanto os pensamentos velejam desorientados e à deriva.
Observar o oceano como todo, fez-me perceber o quão sou limitado, preso por um prisma tão curto que um palmo me parece distante.
Recebi luz e contentei-me com a escuridão, recebi sorriso e satisfiz-me com a tristeza, dessa pessoa recebi amor e saciei-me com migalhas da vida que cultivei.
Anoitece, e, na penumbra todas as possibilidades são ecos dizendo... Adeus.
Silencio é tudo que escuto nesta madrugada infernal, assombrando-me com a ideia de perdê-la.
Imagens, são pequenos vislumbre dos seus beijos que aqui anseio.
Livre, estou preso a família, trabalho, e, filho, suprindo-me dessa essência divinamente mortal.
Vagamente recordo-me de ser eu mesmo.
Agora é manhã, sem perceber a noite passou repentina, despercebida pelo olhar que me vigia dia após dia.
Deito-me, caio num sono profundo.
O cheiro da brisa marítima, relembra seu perfume no nadar de nossos corpos nus.
Navegar é preciso, saquear, minha religião, ancorar, era apenas um momento de sentir-me seguro.
Ainda canto canções do velho mar, embora, as notas sustenidas destoam das simples, hoje, aquelas canções naufragaram seu destino.
Sem poema nesse acróstico, entende por essas margens nos meus dedos a teclar, que, desaguar em brancos papeis é perder-se.
Componho, escrevo, mesmo assim, e, na confusão das duas, uma melodia é entoada, triste, tosca, terminando sem sentido como a vontade de aceitar.
Invent amoris partum, et renovare omni tempore.
Meu mundo estagnou-se.
Entre campos e pradarias, entre o grito e o silêncio, entre o entardecer o anoitecer, estou aqui...
Nas horas seguintes desse sonho absorto em lágrimas, uma palavra ressai... vou embora.
Tempo esse ser mesquinho, disposto a arrastar-se insensatamente implacável diante de mim, eu choro.
O que eu não teria dado em outra ocasião para tê-la cultivado, contudo, fazemos nossos caminhos abraçando cada decisão tomada, talvez, o destino como um menino nos coloque frente a frente para dizer sem dor... Estou agradecido por ter te conhecido.
Texto: Débora (Acróstico)
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 09/11/2017 às 23:10