Vida fingida

VIDA FINGIDA

E lá se vai a vida à bordar sorrisos na nossa cara

São sorrisos forçados

Ensaiados para a florista ou o padeiro

Na verdade, cá dentro d'alma

Onde tudo realmente acontece

As angústias sangram qual ferida profunda

O medo do fracasso nos amedronta

E aqueles que nos vêem assim

Sorrindo assim

Não imaginam quantos dragões já matamos

hoje por este riso de palhaço.

Mas seguimos

As correntezas dos riachos correm

Canarinho canta no galho da mangabeira

As ondas, eternas, beijam as areias de Itaparica.

E não há de se dizer que somos infelizes!

Não somos

É que não somos felizes!

(Paradoxos de um poeta louco)

Nos falta a carícia de amor no rosto cansado

Ser a saudade que aperta o coração de alguém

O brilho no olhar de quem realmente nos olhe e nos veja!

E há tanta solidão neste fingir

Acendemos mais um cigarro

Para não apagar esta existência mesquinha

Não dá cabo dessa respiração entrecortada

Por um sobressalto ou outro

Por uma fobia ou outra

Por um sorriso morto

...ou outro!

Somos todos palhaços

Ansiosos para subir ao palco

E fazer suscitar um riso

Nem que seja na cara de um outro palhaço.

Elisa Salles

08/11/2019

(Direitos autorais reservados)

VIDA FINGIDA

Verdade escondida n'alma

Interpretando suposta calma

De ilusões sofridas

A dor no peito contida.

Fingir a vida fugaz

Inerente a tudo que faz

No palco, um sorriso aberto

Guardando no peito a tristeza por certo.

Infelizmente fingir

Deixa um vazio e

A vida fica por um fio.

Angelica Gouvea