O ouro do tempo

O OURO DO TEMPO

Ouvir é sentir o

Outro

Unir sentimentos

Restabelecer

O contato

Deixar-se livre

O coração para amar

Ter a paciência

Em gestos de atenção

Mostrar-se inteiro

Para viver

O verdadeiro sentido

da compaixão.

Angelica Gouvea..

O OURO DO TEMPO

Bem no início da minha carreira com geriatra eu atendia uma senhorinha por volta dos seus oitenta anos. Ela sempre elegante, com seus cabelos brancos bem cuidados, vestia-se bem e, uma de suas características, o sorriso no lábios.

Numa consulta perguntei sobre as atividades da sua vida e ela me contou:

“Doutor trabalhei a vida toda no comércio, fui vendedora e sou aposentada há dez anos. Trabalhei muito, dei duro para criar quatro filhos. O dia e a noite eram pequenos para fazer tantas coisas. O tempo passou feito um foguete e o que fiz foi trabalhar.

Hoje tenho tempo para mim, para me cuidar, para fazer o que gosto. Ouço músicas, leio livros, conto histórias para meus netos, faço atividades físicas, contemplo o céu e a natureza, ainda cuido da minha casa, moro sozinha, sou viúva há quinze anos. A minha vida não tem espaço para a solidão. Gostaria de viajar mais, só não viajo o que gostaria porque a minha aposentadoria e uma pequena poupança não possibilita, nem por isso sou triste, as poucas viagens que faço, aproveito ao máximo.

Mas, a maior virtude, aquela que chamo O OURO DO TEMPO foi aprender a arte de ouvir. Hoje tenho tempo e paciência para ouvir as pessoas. A arte de ouvir é a chave que abre portas e a ferramenta que soluciona problemas. Só isso vale apena ter vivido oito décadas para aprender”.

Um ensinamento como esse não pode “morrer” senti a necessidade de compartilhar com vocês.

J Roberto Pelegrino