MATO A SEDE NA ÁGUA DOS MEUS OLHOS

Mato a sede na água dos meus olhos

As saudades de ti apertam e secam a minha boca

Todas as noites, te espero na encruzilhada

Os transeuntes passam, olham e me julgam louca!

A mim pouco me importa o julgamento que fazem...

Se estou á tua espera, é só para te amar e ser amada

Entrego-me ao vento, que me leva pelas redondezas

Damos voltas e mais voltas e nem a tua sombra

E começo a pensar que mais uma vez, fui enganada!

Na tortura do meu desejo, te esculpo na minha pele

Amor te cubro de beijos vermelhos, desenhados a cinzel!

Amorosamente te guardo, no cálice duma flor

Guardado como algo raro, no forte do meu coração

Uivam os lobos, na serra queimada de dor

Alvoraçam-se os pombos, as galinhas e o pavão!

Depois é só crer, que na próxima revoada virás tu

Ondas de prazer, de volúpia e regozijo nos abraçarão

Sempre haverá sol, uma praia a convidar e um raio de luar.

Mato a sede na água dos meus olhos

E pulo os seixos redondos e azuis do meu contentamento

Urram as onças, acordando as ninfas adormecidas

Saudosas de amores trovadores, dedilhando liras...

Olho dentro e fora de mim e não encontro a união

Lá no Rio-Diz encontro o hífen, pra fazer a ligação

Hora já tardia e os ponteiros do relógio não dormem

O ontem já desfolhei, não encontrei o milho rei

Se o oráculo não mentir, terei novas do meu homem!

©Maria Dulce Leitao Reis

05/04/17

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Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 05/04/2021
Código do texto: T7224468
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