MLAV

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Moça, isso não se faz! Que encanto você tem nesse sorriso!

Assim, sem avisar, você me deixou desarmado, tive que amar!

Rostinho de princesa... Pele que inspira um toque meu desejoso,

Aqui, no meu cantinho, eu olho e esbravejo: que corpo majestoso!

Legados de beleza e de meiguice, Deus os concedeu a você, sabia?

Ungida e virgem casta, menina de sutileza no olhar, pudica fêmea,

Imagino você produzida, se agora, mesmo ressentida, você me encanta!

Zombe de mim! Sorria e me tenha por incauto homem e esbraveje.

Assim, sendo entendido como louco, posso ousar mais, entende?

A vida é um relutar de buscas indiscretas e por demais insanas, sei.

Levitar nos braços de um sonho e sonhar com a deusa e ser seu rei,

Esmiuçaria tantos devaneios de homens simples que até se duvida.

Xeque-mate! Claro que perdi, minha rainha! Sou súdito e me proclamo:

Amante profano, galante e insano, mas sempre um assecla da vida.

Não me julgue por essas tolas palavras, pois sou bem mais que isso!

Doido, talvez... Arisco e atrevido. O que não sou é pérfido homem!

Relutar e fingir não estar totalmente entregue ao seu forte encanto,

Especialmente do sorriso, seria negar a própria existência do belo.

Venha! Entregue-se! Quer ser a razão da minha busca em si maior?

Ih, o cara pirou de vez! E acha que a vida é uma ária fria sem dó!

Esquivo... Calado... sinto o perfume da canção vinda do seu sorriso,

Invadir-me a alma e o corpo que, sedentos, clamam um duo abrigo.

Rasguei as vestes e, despido, deito no assoalho esperando um toque...

A brisa lá fora nos alucina e sozinhos estamos ébrios no leito, que sorte.

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 29 de outubro de 2007.

18h46min