ALBA, O SERÁFICO
«Para Sebastião Alba»
“O núcleo incandescente
Dum silêncio votivo
De que um fumo de incenso
Nos liberta.”
Sebastião Alba
Sua lira ousada e valiosa
Entoada à sombra da humildade,
Bastante intensa e melodiosa
Ao toque da poética silenciosa.
Sem outro ser d´ atitude recta,
Temporal de luz incandescente,
Inclemente, e breve, e votivo,
Ao ritmar dum turibular d´ incenso
Onde o horizonte se liberta.
Alba, qual singelo trovador,
Livre como toda a borboleta
Beleza, em harmonia feita dor,
Alvura seráfica incompleta.
Todo o canto lavrado e semeado
Revela-se ao embalar da alma;
O fado se escancara algemado
Visto a partir de ingénua calma,
Ao sabor dum poema ensimesmado,
Dum caminhar sem dor nem palma
Ou apenas, quem sabe, feito semente
Rumo a uma colheita inclemente.
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA