Q U É Z I A
Rio, 25/01/99.
Que as arvores cantam, atenta no ouvir
Uma diz a outra suave canto
E o vento também quer se unir,
Zumbindo, deita a sua voz num acalanto
Indescritíveis palavras perfumadas de amor
As nuvens ao ouvirem desfazem-se num pranto
Do céu ouvimos seu grande soluçar
A canção do vento vazou seus corações
Sentimento igual têm as flores
Ilibadas, expõem suas fortes emoções
Lançando, ao vento, torrentes de odores
Vê e ouve das abelhas a cantiga entoada
A relva que acorda com a alma lavada
Sulcos de amor no teu coração deixa-me abrir
A charrua é a Palavra, não vai te ferir
Na tua terra desejo constante semear,
Todo o teu campo vou fazer frutificar
A tua alma vai, então, suavemente navegar
No oceano profundo do meu Espírito
Na tua mão ponho uma bandeira ensangüentada
A tua face, filha, não quero ver molhada!
SEDNAN MOURA