Rosemary Façanha de Andrade
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Relutante, você quis se esconder de mim...
O que temia? Meu primeiro espanto risonho?
Simples e meiga, com um único sorriso,
Estive, por sua causa, à beira do paraíso!
Mais um paraíso verde, de alcinhas suaves...
Ah vestido maldito que teima em não aparecer!
Rasgue as incertezas da pele e se desnude, quero ver!
Yes! Quero ver tudo... A pele, a tez – quero você.
Faça isso não! Levantar-se dessa forma sem avisar.
Assim você desmorona parte de mim, a outra não!
‘Ç’ – Tanta emoção tive que iniciar oração com cedilha!
Ah se seu corpo fosse um barco – queria a escotilha...
Navegaria por entre cada fresta e, sem pressa,
Hastearia o meu mastro revelando minha dominação.
Assim: bandeira em riste eu me declararia seu rei!
De frente, de ladinho, de costas tudo é belo em você!
E se, de repente, o vestidinho caísse, hein! Pode crer!
A ansiedade por vezes nos atrapalha por demais o pensamento.
Não que nos tire a razão, mas incomoda o intenso desejar.
Desejar demais, querer o que não se pode ter agora, neste instante,
Revela, acima de tudo, uma insegurança ou um medo ou um tormento.
Afinal, pedir o que outros temem pedir é sinal de ousadia insana?
Deixar-se revelar, mostrando o que as vestes encobrem, é crime?
Entendo a vida de outra forma e queria apenas uma visão sublime.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 11 de setembro de 2007.
15h44min