REFLEXÕES DO ANDARILHO. ESCOLA DA VIDA

Caminhar e pensar, pois enquanto caminhamos oxigenamos o nosso cérebro, que e uma pare do corpo que precisa estar em constante atividade.

Assim e a rotina de quem vaga em rumo ao nada, mas as buscas são constantes, viajo em meus próprios pensamentos, busco a luz, tento entrar em uma frequência que se encaixe aos múltiplos momentos em que a vida me oferece.

Paro descanso o corpo. Olho a frente o caminho parece não ter fim, mas sigo, pois quem fica estático mentalmente perde a oportunidade de se recriar em si mesmo.

Não sei que dia e hoje, mas o clima está bom, uma leve brisa toca meu corpo, sinto fome, sinto sede, e assim sigo refletindo sobre o próprio sentido da existência em multidimenções interconectadas.

Quando expressamos nossa opinião estamos expressando nossos próprios sentimentos a partir de nossas convicções e experiências, mas quando refletimos sobre o todo vemos pensamentos dissonantes que seguem o caminho do todo buscando a autoafirmação existencial.

Tudo que dizemos ou pensamos tem no seu cerne valores agregados, e com certeza vai ter um valor a ser atribuído pelo nosso ouvinte, que também julgara conforme seu ponto de vista.

Por isso devemos avaliar o peso do que aprendemos e como entendemos e aplicamos os valores agregados do dia a dia em nossa vida, porem devemos evitar discussões banais para não entrarmos em choques ideológicos com mentes dogmáticas.

Devemos aprender com os erros dos outros para saber administrar os conflitos que entram em nossa vida cotidianamente. Não raro os mais velhos usarem de parábolas para ilustrar seus conselhos, essa e uma forma de usar uma referência de vida para ilustrar um pensamento de uma época.

Sempre que falamos de uma situação e bom ilustra-la de forma própria assim coloco uma reflexão, através de um pequeno conto, que não sei bem como surgiu mas sei que foi em uma conversa com um homem muito simples.

Um médico já velho e ultrapassado pela ciência moderna começou a debater sobre as novas metodologias de cura com seu filho.

Os debates sempre foram intermináveis, e o filho sempre tentando superar o pai, até que um dia o médico velho e doente teve que se afastar de seu oficio, e seu filho jovem vigoroso e detentor de toda sabedoria do universo colocou suas ideias em pratica.

Pouco tempo se passou, e em um domingo de sol todos se reuniram para um almoço, e ali diante da família o filho envaidecido foi diminuir a figura do pai frente aos convidados.

E perguntou ao pai de forma irônica. Pai o senhor se lembra de fulano, aquele da orelha machucada que o senhor passou vinte anos tentando curá-lo.

O pai todo humilde disse ao filho. Claro, somos grandes amigos.

O filho abriu um sorriso largo e disse. Pois e o que o senhor levou uma vida para fazer eu fiz em 2 messes. Eu curei aquela orelha.

A plateia que a tudo assistia não se manifestou, ficou estática e virou os olhos em direção ao ancião esperando a resposta daquela provocação.

Ai quem sorriu foi o pai.

Que em seguida deu sua resposta.

Filho como você acha que paguei sua faculdade.

O rapaz sem entender o objetivo da pergunta disse. Não sei.

O pai olhou fixamente para o filho e disse. Foi com aquela orelha.

Ai quem virou motivo de riso foi o jovem médico.

E a vida funciona mais ou menos assim, não critique as formulas usadas pelos outros, pois cada um tem a sua, o que importa e o problema solucionado, ninguém e dono da razão ou da verdade, todos somos eternos aprendizes da escola da vida.

Refletir faz parte da nossa existência, pois a cada experiência nova adquirimos uma nova formula para um problema futuro, apesar de que a vida não e uma receita de bolo, nem sempre uma solução do passado possa resolver um problema que estejamos vivendo.

E na escola da vida não devemos usar palavras complicadas para não elitizar o raciocínio e nem leva-lo a um patamar de exclusão, muitas coisas ficam nas entrelinhas de nossas próprias vidas onde o que se conta e o que se faz necessário ao próprio entendimento do receptor.

Quantas pessoas vivem apenas o eu, e vendo o outro apenas como coadjuvante em sua própria história, vendo todos como serviçais em sua individualidade cósmica, fingindo não ver nem ouvir, ou melhor, filtrando tudo como se fosse pensamento seu usado pelos outros.

São replicas de si mesmo usadas como extensões de um existir unificado, o ser apaixonasse por si mesmo, sendo o centro de múltiplos universos em um sentido único de vaidade e individualismo.

A escola da vida nada mais e do que um mundo compartilhado de sonhos e fantasias coletivas em um mundo de Matrix, onde tudo se parece como um programa de computador que faz com tudo que ocorra seja uma repetição de existências descontinuas.

Onde ao final tudo se funde se tornando uma história única de mundos partilhados multiplicando os saberes e abrindo portas para pensamentos mortos, pensamentos que surgiram no principio da escrita e revividos em variados momentos históricos.

Qual tese de mestrado e doutorado que não aponta uma bibliografia de descartes, Sócrates, Platão, Erasmo de Roterdã, Thomas Morus e tantos outros que se eu fosse citar as linhas que escrevo iriam tomar contornos de um livro de mentes que não ocupam mais esse plano existencial.

Porem suas ideias remontam a vida apos a morte, pois os que tem o privilegio de ler tais escritos sentem sua presença viva pelo sentimento exalado da alma de cada autor, que acabam formulando pensamentos de mentes desencarnadas.

Sim esta e a escola da vida, onde muitos mestres dão seus ensinamentos mesmo apos a morte física, ao nos conectarmos com esses pensamentos fazendo renascer um passado que parece nunca ter se exaurido e que a maquina do tempo mental se aprimora a cada dia sem atualizar seu software fazendo do descontinuo o tempo do agora, tornando o irreal no real e dando espaço para novas ideias no devir de Heráclito.

Como podemos reviver o que não vivemos senão pelos olhos e ouvidos dos outros, e por vezes criamos ate lembranças do que não vivemos. Nossa história esta em nosso DNA multifrequencial dos multiplanos anteriormente vividos onde recriamos nosso próprio eu em transmutação cósmica.

Não podemos falar de vidas de horas completas se temos que viver a cada segundo como se fosse um complemento fragmentado de nossa própria historia, o relógio se subdivide em si mesmo como um marcador cronológico de uma vida que não nos mostra o momento final.

Somos fragmentos de nos mesmos, do eu em constante formação, não existe nem uma regra absoluta em si mesmo o que temos são problemas coletivos tratados no individualismo.

A vida nos oferece mais do que precisamos e isso nos desperta a vivenciar uma vida cada vez mais submissa, e mesmo que não tenhamos tempo de usufruir de tudo que esta a nossa disposição não hesitamos a nos entregar as futilidades disponíveis, não somos centopeias para armazenar tantos sapatos, mas nossa vaidade e espirito de competição nos movem a trair nossos objetivos.

Somos um rotulo ambulante de uma existência que não segue o sentido real, vagamos em mundos em que as interpretações são uma variante da cultura a qual somos formados, onde cada um se sente o dono da razão coletiva, somos vitimas das nossas próprias influencias as quais julgamos serem nossas, fruto de nossa própria bibliografia mental.

São tantas coisas desnecessárias que buscamos uso para objetos que nem mesmo fazem parte da nossa própria existência, o excesso de tecnologia nos trazem avanços que se tornam uma forma de controle que ao final julgamos serem nossas próprias ideias.

Somos apenas parte de um todo que ao final julgamos tudo como parte das nossas próprias ideias, e assim a vida segue nos direcionando a um ideário coletivo, e se não descobrirmos onde tudo se reconecta passaremos uma vida inteira aprendendo algo que nos deixa estáticos frente à evolução necessária a criação da nossa própria identidade.

E assim o andarilho segue sua jornada debatendo consigo mesmo, pois mesmo quem julgue que que isso seja um estagio avançado de loucura deve entender que se não conseguirmos o contato reflexivo consigo mesmo nunca dará conta de entender o que vem do outro.

Ideias desconexas tendem a nos deixar mais pensativos, e o ideal de quem propaga o conhecimento não e dar o sentido pronto e terminado para todas as formas de pensar, e sim levar um novo ponto de vista para formação de seres pensantes.

Nem sempre conseguimos transmitir tudo aquilo que queremos, mas o que se torna realmente importante para nosso crescimento são as perguntas que nos fazem mover em direção à construção de um mundo próprio.

O livro contos reflexivos do andarilho do pluriverso se encontra pronto, aguardando editora para publicação.

Paulo César de Castro Gomes.

Escritor, Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós-graduado em docência universitária pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós-graduado em Criminologia e Segurança Pública pela Universidade Federal de Goiás. (E-mail. paulo44g@hotmail.com)