Só Deus por testemunha
Cassiano Ricardo Leite
Carregados agora de distância,
os seus pés são de chumbo, a cada passo.
E os caminhos que abriu, não mais as léguas,
se enrolavam agora em suas botas
como acontece a quem cai de cansaço.
Era a terçã, não mais a estrela da manhã
sua noiva, no chão, não mais no espaço.
Até que um dia, em pleno mataréu,
É Fernão Dias Pais a rezar pra morrer.
Rosto branco de dor, pedras verdes na mão.
Caído ao chão com o seu cargueiro de esperança.
“Meus amigos! Não é a jornada que me cansa.
É alguma coisa que me obriga a andar ainda
sabendo, de antemão, que a jornada está finda.
Sonho verde de quem, não tendo onde dormir,
não deve mais sonhar; no entanto, sonha ainda.
Forma de acreditar, não sendo mais criança...
Ó alimento dos que não têm o que comer!
ó esperança!”
SÓ DEUS POR TESTEMUNHA
Angélica Gouvea
Seguiu a frente sem medo
O fez desbravar as matas
Das esmeraldas correr atrás.
Em cada passo o sonho e
Um motivo, alimentava a esperança
Só que o destino mudou sua sorte
Para que ter que pedir a morte
O Caçador de esmeralda sucumbiu
Reservando o direito de sonhar
Turmalinas foi o que encontrou
E em suas mãos as segurou
Sabia que tinha ainda que andar.
Teve a traição de um dos filhos
E o enforcou para exemplo de um empecilho
Morbidez em sua pele, já muito cansado
Um dia caí no chão com seu cargueiro.
Nele toda a esperança que buscou
Hoje e no passado é sempre lembrado.
O sonho das esmeraldas, Cassiano Ricardo
aqui, relatou.