CAMONIANAS - N°5

CAMONIANAS - N°5

Olhares que a um só tempo veem e cegam...

Limítrofes do sonho, mais reluzem.

Iluminam as horas de meus dias

No afã de impressionar minhas retinas,

Dando a conhecer quanto lhe vai n’alma,

Ou ainda a esperança que os anima.

Sejam profundas lâmpadas do ser

E, lindamente, espalhem seus amores!

Reverdeçam os campos que contemplo!...

Devir que bem ou mal eu já não temo

Em todo caso, fique o belo pelo belo.

Visto ser transitória a realidade,

Os olhos em meus olhos permaneçam

Suaves na maravilha d’estes versos.

Suas duas pupilas esmeraldas

Ostentando por todas as idades

Sempre a mais luminosa e bela cor...

Ou senão seja eu cego a tudo o mais!

Lembrado assim serei à revelia:

Homem de pouca fé e luz nenhuma...

O que de tanto olhar para a beleza

Sucedeu de se ver cego de amor.

Breve vida e mais breve ainda o tempo

Em que a boa ventura me sorriu:

Lindo e amado ser sempre nos meus olhos,

Oferece de ti todo o esplendor

Sobre os olhos que tu cegas de luz!

Betim - 02 07 2017