CONTOS REFLEXIVOS DO ANDARILHO O JARDINEIRO
O andarilho já cansado de sua jornada para em uma praça pública dia tranqüilo quase ninguém anda pelas ruas.
Ele fica observando o movimento, poucos carros, mas sua visão se prende a um homem que trabalha incessantemente, e o funcionário da prefeitura que cuida da praça.
Sua alegria contagia ele parece estar em uma festa, canta e sorri o tempo todo, apesar da sua dificuldade em locomover, pois tem deficiência física, e para se movimentar tem que andar segurando a perna.
A praça esta limpa e a grama verde, aquele ser deve se dedicar ao Maximo, para que tudo aquilo funcione, mas as pessoas que passam nem percebem se tem alguém que dedica sua vida para que aquele ambiente esteja sempre em condições de ser usufruído.
De longe ele cumprimenta o andarilho, o andarilho responde ao cumprimento e alguns minutos depois ele já esta sentado ao lado do andarilho conversando calmo e tranquilamente.
Sua alegria e contagiante, suas gargalhadas podem ser ouvidas do outro lado da praça, ele e elétrico conversa animadamente, parece viver em plenitude e não ter nem um tipo de problema.
Ele começa a perguntar ao andarilho de onde veio para onde vai se tem família, e assim a conversa vai fluindo, as respostas do andarilho não são diretas, mas cheias de explicação sobre ciclos de tempo.
Tudo segue naturalmente, o jardineiro também conta sua historia de vida naturalmente.
Bem caro viajante das múltiplas dimensões.
Eu nasci com problemas físicos irreversíveis, minha mãe não suportava a idéia de ter que conviver comigo naquela situação.
Ate que um dia ela me deixou na casa dos vizinhos e saiu em rumo ignorado não voltando nunca mais.
E aquela família humilde e sem condições financeiras me criou, foram muitas as dificuldades, pois meu pai de criação e funcionário da prefeitura e sempre ganhou salário mínimo.
Eu estudei enquanto deu, não era fácil, a escola era longe e minha dificuldade em locomover sempre me limitou.
Foi uma infância alegre, todos sempre fizeram o possível para me agradar, na invasão em que fui criado não era visto como deficiente, todos me tratavam normalmente.
Mas meu pai que era muito sábio, e sempre me preparou para o mundo externo, eu já sabia da discriminação que iria sofrer.
E quando interei 18 anos ele me arrumou um emprego na prefeitura, iniciei fazendo mudas de plantas, local onde passei muitos anos, mas com as mudanças acabei vindo tomar conta desta praça.
No inicio estranhei, mas com o passar dos dias acabei me acostumando, e fui ficando por aqui, e hoje em dia os moradores me tratam como um da família deles.
Sempre fiz minha parte, faço o possível para que tudo esteja sempre limpo e bonito.
O andarilho elogia o jardineiro, pois a praça esta linda.
E o jardineiro prossegue.
E meu caro, a vida e cíclica, se quer colher tem que plantar, o serviço quem faz e a gente, nao trabalho para prefeitura, trabalho para mim mesmo, sei que minha missão pode não ser grande, mas eu trato essa função como algo grande.
O mundo nos devolve o que damos a ele, aqui convivo com médicos e mendigos as historias se cruzam, os ciclos sociais afastam pessoas, mas não os espíritos.
Todos tem algo a oferecer, e se cada um fizesse sua parte na grandiosidade de sua missão as desigualdades seriam apenas econômicas, mas não e o que vejo.
O andarilho não entende bem, e pede ao jardineiro.
Explique se melhor.
Não tem mistério meu caro.
Temos seres que são piores que mendigos, pois sua insatisfação com a vida os afasta do real sentido da vida, vivem em um mundo ilusório, com falsas perspectivas da realidade.
Vivem em um mundo de interesse próprio, não se importam com o próximo, nem mesmo o dinheiro tem mais importância que o poder.
Vagam dentro de si mesmo, em uma insanidade atemporal volátil, onde o reflexo da alma fica preso na dimensão única do eu.
O andarilho ouve em silencio, como sempre faz quando esta envolvido espiritualmente com o locutor.
Encontros cósmicos que unem almas iguais, que geram uma fonte de energia inesgotável de luz transcendente, fazendo que o universo vibre freneticamente.
O jardineiro e um daqueles seres que não passam despercebidos, pois todos querem estar próximos a ele, e sua energia cria um vórtice eletromagnético que toma conta do céu indicando sua presença para aqueles que buscam a luz.
O mundo parece inexplicável apenas para quem esta fora de sintonia cósmica, o bem deixa rastros por onde passa, elevando pensamentos criando uma conexão direta com o criador.
O andarilho se curva diante da verdade cósmica, pois nunca se aprisionou a bens materiais, ficar vagando, sempre estimula suas faculdades mentais, tudo serve como lição.
O aprendizado e algo constante, aqueles que criam seus próprios castelos tem que arcar com sua manutenção, enquanto quem não tem nada a perder vaga pelo mundo, em busca dos mistérios que ultrapassam as dimensões quânticas.
O jardineiro segue entusiasmado frente ao ouvinte.
Caro andarilho, não sei se sou digno da vida que tenho, mas eu mesmo a criei, o adubo maior sempre foi a bondade e a caridade, houve dias que dei o pouco que tinha.
Mas a retribuição veio gratuitamente, sempre fiz o que pude com os meios que a vida me proporcionou, todos que me cercam me são caros, pois sempre planto a semente do bem.
Não faço só mudas de plantas, mas de pessoas, sempre ouço os aflitos, pois a caridade maior e consolar o desesperado, as pessoas chegam próximas a mim querendo apenas um ouvinte.
Nunca me recuso, do medico ao mendigo todos tem problemas, o inconformismo não escolhe classe social, não tem problema grande ou pequeno, todos causam aflições.
O remédio e dado por mim, mas ditado pelo criador, sempre procurei ser ferramenta, minha deficiência e bênção, nunca foi maldição, tem momentos em que peço aos anjos de luz que me guiem e iluminem.
Para que eu possa ser luz na vida dos que me cercam, o meu serviço e apenas o meu meio de subsistência, mas minha missão exige que eu esteja sempre pronto a socorrer espiritualmente aqueles que me procuram, sempre chego cansado em casa.
Mas o cansaço e do corpo, e com algumas horas de sono acordo com minha energia restabelecida, e sempre pronto há encarar o dia que se inicia.
O andarilho reflete enquanto ouve, sua percepção sobre os problemas grandes ou pequenos que atingem a todos os seres.
Pois o ser humano vive em uma linha de convergência e divergência que se funde na constituição de sua identidade, buscando aumentar sua compreensão diante da infinidade de formas de administrar seus problemas existenciais.
Onde a vida passa por diferentes configurações conceituais, em busca de uma compreensão mais sistemática buscando refletir de forma distinta as múltiplas estruturas intelectuais e suas influencias socioculturais.
Os problemas não são criados pela carne e sim pela mente, que age de forma instável, que flutua em um universo volátil, onde os problemas surgem de acordo com a capacidade individual de administrar a si mesmo.
Onde cada um tem um amplo conjunto de recursos teórico-metodológico que vem a diferenciar a capacidade intuitiva frente às decisões a serem tomadas.
A evolução da humanidade sempre vai variar de acordo com a compreensão do tempo em que se situa no próprio universo.
O andarilho vaga em busca de respostas agindo como um cientista cósmico que faz estudos quantitativos e qualitativos sobre a evolução nos multiplanos existenciais.
Buscando reconstruir uma sociedade que vive em conflito consigo mesmo, para um teórico do tempo e de fundamental importância entender os princípios morfológicos básicos criados pelo corpo social.
O andarilho busca por conexões que liguem as diferentes orientações teóricas existentes, que faz os conflitos se iniciem através de ideologias que se fundem sem o nexo existencial, onde o dinheiro, religião, política, futebol e tantas outras façam com que surjam guerras que coloquem vidas inocentes em risco.
Isso faz com que as crises existenciais se multipliquem pelo inconformismo com a própria vida, que causam um desajuste social que trazem tantos danos à qualidade de vida.
O jardineiro presta atenção nas colocações do andarilho, e em seguida reinicia sua exposição.
Caro andarilho.
O inconformismo sempre existiu e vai continuar existindo, na mutação quântica da existência humana, pois não temos como medir o tamanho dos problemas internos do ser humano.
Passamos uma existência inteira em busca de respostas que nos liguem direto com o criador, somos analfabetos existenciais, e quanto mais o ser humano evolui menos ele aprende a dominar as tecnologias que o cercam.
Não e necessário ter muito para uma existência feliz, mas o homem quer cada vez mais, e produzir cada vez menos, o comodismo mental só nos escraviza, passamos de uma existência para outra e os problemas são os mesmos.
Os livros de séculos passados ainda são atuais e servem como fontes de pesquisa de trabalhos científicos, serve como embasamento de novas teorias, a evolução foi só no fator tempo.
Apesar de evoluir tanto ainda sofremos com os mesmos problemas de séculos anteriores, as queixas não mudam, fomos atores de nossa própria historia, uma historia que trouxe uma evolução sem sujeito.
Apenas os fatos evoluíram, enquanto o ser humano permaneceu na sua própria forma, tivemos tantas mudanças e tão pouco proveito existencial, ainda temos guerras, a inveja, a competição humana pelo status.
O andarilho concorda com a exposição do jardineiro, apesar do seu estudo ser voltado para alma e não para a carne, pois diante de tanta evolução nos meios de sobrevivência ainda estamos com uma alma arcaica.
Somos um ser que desevolui com o tempo, usamos pouco ou quase nada nossas funções cerebrais, com o avanço que temos já era para nos comunicarmos mentalmente.
O jardineiro sorri.
E diz ao andarilho.
Meu caro somos corpo e alma, será somente dominando a carne e que nosso espírito encontrara a evolução tão cobiçada.
Precisamos nos situar como seres humanos em carne para que depois possamos evoluir espiritualmente, enquanto existir tanta desigualdade social sempre existirá problemas existenciais.
Temos que ligar espírito ao corpo, e não o corpo ao espírito, a inquietude existencial parte da carne e não do espírito, se todos vivessem nas mesmas condições tudo seria mais fácil.
O que ouço nos bancos dessa praça são problemas de fácil solução, mas mesmo assim eu ouço aqueles que me procuram para uma simples conversa, não tem nada de cientifico.
São coisas do dia a dia, nada ligado ao espírito, são dividas problemas sentimentais, fuga da solidão, inconformismo político.
E a soma de todos esses problemas geram contradições existenciais, suicídios de mentes que deixam o corpo a vagar no ócio forçado da própria existência, são causas e efeitos.
Assim faço minha parte, mesmo que de forma insignificante, tento minimizar o sofrimento daqueles que me procuram.
Não sou visto como um grande intelectual, sou uma pessoa simples que não discute o sentido da existência humana, apenas levo o balsamo que um bom ouvinte pode levar aos que sofrem.
O andarilho vive em busca de respostas que nunca se cessam, exatamente por isso ele entende o que o jardineiro tenta fazer.
E ao final o andarilho olha para aquela figura simples e com baixo grau de instrução e diz.
Meu caro.
Se todos os seres desse plano fizessem como você, teríamos menos problemas, pois o que as pessoas procuram e alguém para uma simples conversa, para desabafar.
Para tirar de si ou dividir a carga fatigante causada por uma existência cíclica, você e um homem bom com auto grau de sabedoria, aprendeste pouco meu amigo.
Mas usa o que aprendeu para aliviar o sofrimento alheio, vou embora continuo minha busca incessante pela evolução humana.
Mas sigo em paz a cada dia, pois sei que seres iluminados como você ainda povoam este plano.
O jardineiro olha para o andarilho e diz.
Vá andarilho continue sua jornada, ela não e só deste mundo ela pertence ao multiverso existencial, pois mesmo que estejamos estáticos e presos à carne os multiplanos continuam cíclicos.
E que um dia poderemos usar esses conhecimentos coletados em suas múltiplas existências.
Assim os dois se despedem, e cada um segue seu caminho com suas funções especificas, foram minutos de conversa que ultrapassaram as fronteiras do próprio cosmo.
Ligando mundos distintos que ao final se interligam no fluxo continuo da evolução das espécies.
O livro contos reflexivos do andarilho do pluriverso se encontra pronto, aguardando editora para publicação.
Paulo César de Castro Gomes.
Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós-graduado em docência universitária superior pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós graduando em Criminologia e Segurança Publica pela Universidade Federal de Goiás. (email. paulo44g@hotmail.com)