Kyrie

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Andava tristonho, duvidoso da perfeição humana.

Nada me aprazia o melancólico semblante.

Ainda que buscasse, não sentia n’alma a chama.

Kyrie, Tem piedade dessa alma errante!

Estou desolado e busco, fremindo, a deusa sã.

Lascivo estou, mas não morrerei como alma pagã.

Levianas buscas fiz e, dentro de mim mesmo,

Encontrei apenas o vulcão da chama errante.

Nada de novo, nada que me desviasse do ermo.

Haja o que houver e, mesmo que em sofrimento,

A razão da busca é felicidade e não lamento.

Mãos solitárias, traidoras, trôpegas e obsequiosas

Amem assim, calejadas mãos, torpes e maviosas!

Não dá no mesmo imaginar a perfeita mulher?

Não dá no mesmo sentir o gozo que o corpo quer?

Sofrerei alhures, atrás de você, deusa amante?

Cada minuto, entretanto, ser-me-á devolvido,

Honrosamente, com nossa volúpia e libido.

Ungido sei que hoje fui por uma força maior.

Resta-me apenas um questionamento singular:

Zeus! Essa deusa que me surgiu é deveras real?

Nota:

Kyrie – termo grego, significando: Senhor, tem piedade!

Fortaleza-Ce, 06 de setembro de 2005.

20h38min

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