Os ogros da vida
Pouco nunca foi muito
Inocência tem de sobra
Trabalha que nem saúva
Ultrajado que nem cobra
É um coitado na vida
Uma alma vil e sofrida
Mas finge que o lucro dobra
Pobreza possui demais
O inocente rapaz
Bebendo o lucro da obra
Repete qualquer fuxico
E diz conversa fiada
Inveja a vida de rico
Não poupa nem a cambada
Vai a pé para o trabalho
E volta num quebra-galho
Jocoso e com risada
Ostenta alto o pescoço
Sorvendo água de poço
Ou seja, não é de nada.