Poesia para uma pedra
Silencioso segue o séquito
Na manhã chuvosa e tristonha
Entre os labirintos dos túmulos
Adormecem flores, pedras e lembranças
A pequena multidão cessa a caminhada
A hora derradeira é chegada
Tempo de orar pela partida
Os últimos laços de adeus
Ante o jazigo funesto e cinza
Uma cruz encravada no alto
Súplicas pelas bênçãos de Deus
Flores incolores adormecidas
entre velas derretidas
empobrecidas luzes bruxuleantes
sombras aterrorizantes
Ao derredor lamúrias e lágrimas
No canto fúnebre a hora sombria
Derradeira despedida
Para sempre se foi uma vida.
Rezas em forma de poesia
Diante da branca lápide fria
A poesia para uma pedra.
Maurélio Machado
POESIA PARA UMA PEDRA
Pedra que fechou sepulcro
Ocultou três dias o Senhor
E tudo feito por amor
Sabia que ali não permaneceria
Inda a todos salvaria
A vida a partir daí eternizou
Para nós torna-se silêncio
A cada um que daqui parte
Recobre nossa morada
Alivia a dor sem alarde
Uma pedra no caminho
Muito tem a dizer
Assim como obstáculos a transpor
Pode ser de um adeus
E também de aprendizado
De cada uma que encontramos
Revela que temos muito que aprender
Até que ela se transformaria
em poesia.
Angélica Gouvea