Alessandra Bittencourt

.:.

Ao observar a tela, meus olhos arranham a moldura.

Levianos, desejam desnudar teu corpo, sem pressa.

Espelho de intangibilidade, a distância me fere o tato...

Sei que nada posso ter além do teu estático retrato.

Sentir mais que isso, entretanto, depende de imaginação.

A imagem, nesse sentido, reveste-se de movimento.

Na homeostase da projeção, posso tudo, até esvaziar-me.

Devaneios que, em transe sobrenatural, tornam-se reais.

Realidade... Limite temporal ou intempestiva desistência?

As buscas, quando intensas, atingem toda a essência.

Buscar – impropriedade essencial da limitação humana.

Ir, quando o caminhar pede horizontalidade, é subjugação.

Ter o limite como referencial, quando a vida pede expansão,

Torna inócua a possibilidade de venturosas expectativas.

E aqui estamos, um e outro, estáticos na dinâmica do mundo.

Normatizados em impuros pensamentos que nos cercam...

Cale-me o bastão e, por favor, silencie o vulcão que se forma!

Onde fica mesmo o paraíso? Dentro de mim ou alhures?

Urge que busquemos o cerne da tramitação das essências.

Receba-me, sem nenhum protocolo, dentro do teu processo.

Testemunhe, em juízo, que por toda a vida fui réu confesso.

Iguatu-CE, 18 de fevereiro de 2014.

19h36min

.:.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 18/02/2014
Código do texto: T4696794
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.