Alessandra Bittencourt
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Ao observar a tela, meus olhos arranham a moldura.
Levianos, desejam desnudar teu corpo, sem pressa.
Espelho de intangibilidade, a distância me fere o tato...
Sei que nada posso ter além do teu estático retrato.
Sentir mais que isso, entretanto, depende de imaginação.
A imagem, nesse sentido, reveste-se de movimento.
Na homeostase da projeção, posso tudo, até esvaziar-me.
Devaneios que, em transe sobrenatural, tornam-se reais.
Realidade... Limite temporal ou intempestiva desistência?
As buscas, quando intensas, atingem toda a essência.
Buscar – impropriedade essencial da limitação humana.
Ir, quando o caminhar pede horizontalidade, é subjugação.
Ter o limite como referencial, quando a vida pede expansão,
Torna inócua a possibilidade de venturosas expectativas.
E aqui estamos, um e outro, estáticos na dinâmica do mundo.
Normatizados em impuros pensamentos que nos cercam...
Cale-me o bastão e, por favor, silencie o vulcão que se forma!
Onde fica mesmo o paraíso? Dentro de mim ou alhures?
Urge que busquemos o cerne da tramitação das essências.
Receba-me, sem nenhum protocolo, dentro do teu processo.
Testemunhe, em juízo, que por toda a vida fui réu confesso.
Iguatu-CE, 18 de fevereiro de 2014.
19h36min
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