Sibilo Fantasmagórico

S entado na velha cadeira de carvalho

I móvel, desfrutando a lassidão ociosa, súbito ouço

B albucios vindos de algum lugar da casa

I nquietação assoma meu ser, aguçam-se os sentidos

L uzes vislumbro, assombrado

O uço o bater de meu coração, ou serão tambores?

F antasmas surgem, voando por toda casa

A parições assombrosas, luminosas, ruidosas

N otam-se espectrais feições humanas

T artamudeante, tento comunicar-me

A s luzes turvam minha visão, mas apuro a audição

S ussurrantemente, os espectros revelam seu objetivo

M anifestam a nobreza de suas almas, sentenciando:

A raça humana se embrenhou por caminhos erráticos

G argalham, eufóricos, ante a desgraça de seu semelhante

O rgulham-se de seus pertences, desprovidos de sentimentos

R idicularizam os pobres e os desvalidos

I ncitam-se mutuamente ao desenfreado consumo, entristecem o

C riador, que verte incandescentes lágrimas e, macambúzio, grita

"O nde foi que Eu errei? Onde?"

CARLOS CRUZ - 22/02/2007