AdeMB 2
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Ah, doce sonho... Ah, vida cheia de senões e lamentos!
Deus não somente escreve – ele esculpe – com maestria!
Revejo todas as fotos, todas as poses, todos os detalhes...
Invariavelmente, exorbita uma beleza transcendente, o talhe.
Auscultar o coração é tarefa singela, cheia de sinestesia.
Navegar, todavia, no embaraço do sonho é sofrimento...
Afinal, viver o prazer da poesia se concretiza na dor da ausência?
Deixe-me a delicadeza da esperança, a sutileza da porta aberta...
E, quando deitar, silente, sinta-me à sua espreita, sem pressa.
Meu toque está na carência, mas se eterniza neste verso.
O que busco, sem presunção, é esse sorriso vermelho...
Rutilante, de lábios destacados pelo batom, emerge o vulcão!
A boca, como sentido... É dela e por meio dela que sorvemos:
Esperança – do toque; desesperança – do indigesto ”Não quero!”
Sofro e me revelo, sem pressa, na minha ansiosa solidão.
Beijar uma tela fria, quando se tem tanto calor imanente,
Enfraquece o torpor do gesto sofrido, ampliando a busca.
Zunindo dentro de mim existe uma sina que me diz:
Espere com prudência, tenha paciência, a vida é assim...
Respostas apressadas, declarações desmedidas, sem fim.
Revelam que, apesar dos receios e dos medos, por um triz,
Alardeamos ao mundo nossa devoção, completamente.
Juazeiro do Norte-CE, 10 de outubro de 2012.
17h06min