ESQUINA...OU MEGALÓPOLIS DESVAIRADA

Esse canto do mundo é uma esquina

Onde a morte espera pacientemente a sua hora

Minuto a minuto

E a vida agoniza em corpos de pessoas oferecidas ao prazer

O chapéu do cego cada vez mais vazio

É a imagem de sua inutilidade visual

O aleijado vê o perambular de pernas apressadas

Sem ter caminhos para andar

A fachada mal lavada dos edifícios

É a imagem refletida dos medos

Os lavadores de vidraças despencam

Mais por necessidade do que por acidente

Na cama as mulheres entregam seus corpos

Mais por necessidade do que por prazer

O camelô na calçada da vida

Vende falsas promessas de felicidade

Nesse canto do mundo os sonhos acordam no meio da noite

E a realidade suicida as esperanças concebidas

Pelas bolsas amnióticas da fé

Os homens apontam erros dos infalíveis para poderem sobrepujar

Sua vontade de agredir

A violência solta nas ruas

Assustou as pessoas e disfarçou-se em menores abandonados

Intelectuais perseguidos refugiaram-se nos bares

Escondidos no meio da fumaça dos cigarros

E atrás das garrafas de cervejas vazias

A Ferrari em alta velocidade

Sujou os pneus com o sangue do engraxate

O intenso frio do inverno

Levou as vitimas da sociedade de consumo...

...agora nessa fila imensa

Seja do pão

Do ônibus

Ou do INSS

Resta apenas a vontade dos suicidas...

...Partir sem deixar sequer uma carta de justificativa!

Joban
Enviado por Joban em 15/02/2007
Reeditado em 16/02/2007
Código do texto: T382544