ESQUINA...OU MEGALÓPOLIS DESVAIRADA
Esse canto do mundo é uma esquina
Onde a morte espera pacientemente a sua hora
Minuto a minuto
E a vida agoniza em corpos de pessoas oferecidas ao prazer
O chapéu do cego cada vez mais vazio
É a imagem de sua inutilidade visual
O aleijado vê o perambular de pernas apressadas
Sem ter caminhos para andar
A fachada mal lavada dos edifícios
É a imagem refletida dos medos
Os lavadores de vidraças despencam
Mais por necessidade do que por acidente
Na cama as mulheres entregam seus corpos
Mais por necessidade do que por prazer
O camelô na calçada da vida
Vende falsas promessas de felicidade
Nesse canto do mundo os sonhos acordam no meio da noite
E a realidade suicida as esperanças concebidas
Pelas bolsas amnióticas da fé
Os homens apontam erros dos infalíveis para poderem sobrepujar
Sua vontade de agredir
A violência solta nas ruas
Assustou as pessoas e disfarçou-se em menores abandonados
Intelectuais perseguidos refugiaram-se nos bares
Escondidos no meio da fumaça dos cigarros
E atrás das garrafas de cervejas vazias
A Ferrari em alta velocidade
Sujou os pneus com o sangue do engraxate
O intenso frio do inverno
Levou as vitimas da sociedade de consumo...
...agora nessa fila imensa
Seja do pão
Do ônibus
Ou do INSS
Resta apenas a vontade dos suicidas...
...Partir sem deixar sequer uma carta de justificativa!