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Investigar o mundo com a retina obliterada

Não nos dá a perfeita dimensão da vida, do amor.

Doida e tresloucada, cheia de encanto e dissabor,

Inverta o polo da visada e perceberá saídas...

Rindo agora depois que o olhar descerrou o medo?

Ah que alegria! É nessa busca que está nosso segredo.

Fechei os olhos – da ilusão brotou encantamento.

Entre uma e outra quimera, em cada devaneio, silente,

Invadiam-me os raios do torpor e da lassidão plena.

Toques, abraços, carícias... Corpos careciam na cena.

Ousei e minhas mãos descobriram o acasalamento.

Sonhos, ah quantas tolices nos fazem desejar, tormento!

Alivio a realidade, todavia, a cada frustração da pena...

Sem o toque, imaginando apenas o sutil e pleno contato,

Ignoro o medo, desdizendo as previsões dos tratos sociais.

Exultarei no meu versejar, desejando o que não posso...

Buscar na fantasia os recursos singelos e puros da poesia,

Resgata a dignidade de atos proibidos, ameaçando casais.

Aqui e ali, entre um e outro verso, serei absolvido com razão.

Deus!

Eis que me aflige o despudor de escrever o que não deveria...

Honro as famílias, prezo cada gota que flui no coração que amo.

O que busco aqui, neste intenso soletrar de extravasamento,

Levar-nos-ia aos tribunais se verdade fosse... Mas no meu transe,

Algemado pela intangibilidade que somente o virtual nos pode dar,

Não temo o clamor da justiça nem a censura dos que me puderem ler.

Deus, absoluto e soberano, criva-me na pele o perfume santo,

Alterando, na alteridade, a pluralidade das buscas do pensamento.

Crato-CE, 17 de junho de 2012.

04h23

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 18/06/2012
Reeditado em 18/06/2012
Código do texto: T3730565
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