Meus corações
Enquanto ocupo o tempo distraindo meus corações
Uno meu Eu-lírico com o meu cínico Eu-crédulo.
Aumentando e/ou diminuindo emoções. Viva!
Ignorando-me; por fora riso, por dentro uma lágrima envelhecendo.
Nem noto que não são mais os vinte anos que me assustam.
Deixar de pensar não é possível, mudar, ninguém muda,
ao menos perder o fôlego ao compor uma nova canção, eu mereço.
Garota, sinto muito que nem sei que sinto e minto. Que tanto eu sinto?
Olhar nos teus olhos e mentir pra mim mesmo, meu labirinto...
Sim, sua fala faz falta, na minha memória sussurra e grita. Acredita?
Telefonei sem ter o que dizer, sem ter como dizer, improvisei:
Oi!
Dei conta com o passar dos anos, que
experimentei tantos destinos, e fui
lentamente esquecendo a infância. Deparei-me com um cara só.
Arrumo o espelho enquanto inutilmente faço a barba; lembrando dela.
Mea culpa, deambulando no bosque da consciência,
assistindo um sujeito pensativo, homem novo nascendo.
Sai de mim e é forte! Pariu ali a galega!
Eu quis ser
livre sem coragem,
amarguei a liberdade.
Justo eu que só queria
amar...
Naturalmente abri meu coração e vi a força da juventude.
Atrevido e cheio de graça, como um samba. Como uma prece
orei em alto e bom som, pedi trégua, desejoso da paz do amor.
Por mais, por menos, portanto, a beleza é um absurdo que me seduz;
estrelas, pele, olhos, luar, estampados motivos pra eu te fazer sorrir.
Nem bem abri os olhos hoje pensei em você.
Som da alma no tum tum do meu peito chamando-te em acordes.
Ais de mim!
Melodia anacrônica, não caberá todo o amor nem acabará em mim. Nas
asas que te dei tu flutuas em meu passado, presente e futuro.
Insisto na sua doce loucura, mansa. Não desisto da imagem de nós ao
Sol, ao mar, ao tudo, além do além do horizonte, sem retórica.
Exagerado, saltei empolgado no seio do meu amor, apartei-me das
multidões de olhos, bocas e sinas. Perdi-me!
Miudinho de saudades,
imploro, amarelo, amarelo, amarelo.
Meus corações seus sentem seu abraço como um temporal no deserto.