MADRUGADA CADA DRUGA
Quero encarnar a carne do matadouro;
o abutre que seleciona o jantar a ser degustado;
o morcego cego, que voa abrilhantando a noite
a coruja que em seu vigiar noturno camufla sonolência
vaga lume que brilha sem ser estrela
a prostituta que faz da esquina esquecida, seu tablado abençoado
o bêbado com sua inseparável garrafa, que aflora seu libido
o policial a procura de pecúnia
os carros que contrariam as leis
os trabalhadores que ajoelham-se diante um holerite,
que ora, chora, implora, e não demora passar.
Madrugada feminista, e machista por opção não descansa,
não desabafa e jamais dorme.