A Eternidade da Obra
Eu sou um sabiá, que canta em todos os quintais,
que desce da noite vazia e enche o peito de ar para entoar a poesia divina de vida.
Eu sou o sabiá, que desafia a cenzala da noite fria e junto a ânsia noturna de chuva, vela a saudade apaixonada de Maria.
Eu sou o sabiá, que ao final da tarde carmim vem ao dorso da flor ameaçada de morte, dizer que o amor é a continuidade da espécie.
Eu sou o sabiá que nina no colo da mãe o futuro em lágrimas de dor.
Eu sou do norte
O Dom Quixote,
Que ousa desobedecer as horas para entranhar na alma desfalecida e assim libertar a loucura.
Eu sou o sabiá, enfante, matreiro, senhor do ar,
Que diz ao mundo, que viver é divino e que vale lutar para não morrer de tédio, nessa estrada, que os homens teimam em mudar.