GABRIELA
Gastei meus últimos sonhos de amor
quando perdi a noção do tempo passado
que apenas minhas mãos guardaram.
Afoguei a esperança em lágrimas ocultas
(o céu as contemplava no silêncio)
e em silêncio a vi morrer um dia.
Busquei-te o gosto no sabor da vida,
bebi-te apenas numa taça amarga
feita em desilusão, sonho e partida.
Rompi os laços com a atualidade,
perdi a noção de sonho e realidade,
perambulei, apenas, qual fantasma incerto.
Imaginei, criei, formei o teu sorriso;
se me encontrei ou me perdi, não sei,
queria ter-te aqui e não estavas perto.
Em fim, tudo se mata, tudo o tempo finda,
algo em mim, assim, também morreu,
que se esconde na incerteza ainda.
Lembranças são amargas com os anos,
quando tudo apenas pára, derrepente,
quando não há mais razão no que se fez.
Assim tivesse o coração silenciado,
não teria, no silêncio, recobrado
a certeza de lembrar-te outra vez.
Parauapebas - 07/2008