trem (o retorno)
A COMPOSIÇÃO TEM DESTINO
À ESTAÇÃO CANSA LONGE
lá
vem boi
pra terra é que trem não vai
só pata e pernanda
dos currais-Largos fedendo chifre e desodorante matinal
vem homem de terno e gravata
boi cego leitor assíduo do último momento
boi mudo que só canta pra si
São Paulo passa na janela
ACOMPOSIÇÃO TEM DESTINO
À ESTAÇÃO CANSA LONGE
vem som valente repente
de repente na viola bêbada enroladora de gente
violeiro entra em outro mundo
canta pra boiada
ora lúcido ora confuso
triunfante de copos de cachaça
conduz a festa ora canta ora monta
rodeio ao rodar envidraçado dos autos lá fora
não se finda nem desafina
nas paradas todas diz
“vou na outra”
de Rossi à Camargo
segue o trem carroça
ao swing sertanejo suado
de cachaça e desodorante matinal
terno e gravata muda
pós trampo saopaulada
colebrando mais um dia trabalhado
A COMPOSIÇÃO TEM DESTINO FINAL.