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Nossa! Essas pernas... Que sandália linda, que belo ‘mocotó!’...
Yes! Eu me permito usar termos tão nossos, afinal estou tão só.
Curto e revejo cada detalhe das pernas desnudas. São demais.
Onde devo parar? Nas coxas, no busto... Desço ou subo mais?
Lentamente, mais uma vez, revigoro minhas leituras da tela.
Entre caídas e (re)acomodações eu percebo: meu desejo vocifera.
Bailarina? Não? Por que, então, equilibra-se assim tão suavemente?
Rainha... Agora acertei! Isso mesmo – a senhora da minha mente.
Ingrato mundo, cruel realidade que nunca me apraz os desejos...
Tenho ímpetos de solidão retraída pelos medos que agora sinto.
Onde buscar forças se sua presença me faz temer, cair num labirinto?
Clamo...
Oh! Virgem, venha até mim!
Respire o mesmo ar,
Tesouro da vida,
E atenda ao pedido deste errante
Zíngaro perdido na ilusão.
Lenços brancos trago comigo...
Intrépidas, lágrimas caem de mim.
Meus olhos sorriem, chorando,
A ausência que não tem fim.
Fortaleza-CE, 21 de fevereiro de 2006.
16h28min