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Mais beleza impossível encontrar, que mimo!
O corpo que vejo foi esculpido a dedo.
Não por mãos humanas, mas com toque divino.
Inquieta-me o corpo, que de tanto desejar,
Queria romper a barreira da frívola tela,
Unindo o desejo ao fato real do toque iminente.
Esperei a vida inteira por tanto viço decente.
Magia que não se repete, a natureza fez em você
Arranjos tão desiguais que por mais que se tente;
Rasguem-se telas, descubram-se novas cores,
Impossível autor, no futuro, pintar tela igual.
Eis que surge pintura sem igual, fina e genial.
Beijo... O que é isso diante de uma deusa?
Raios emergem de você – eles ofuscam a luz,
Irradiam tão belos respingos que o sol esfria.
Tenho a honra, isso não se paga, de pintar...
Onde meus dedos não tocam, criando magia.
Clamo ao Deus supremo, clamo e agradeço.
Onde, Deus, buscastes tanta inspiração?...
Rarefeita é a vida e vós me brindastes dessa forma.
Tive a honra de ao meu dispor a encontrar.
E ela, sem medo, sem receios, num sorriso...
Zombando da fatalidade, um verso meu pedir.
Lamento, entretanto, a efemeridade do ato.
Ingrato é a vida, mais ingrato é o tempo.
Mesmo sendo mero espectador da beleza
A alma humana é fugaz e ela se vai ao vento.
Fortaleza-CE, 19 de fevereiro de 2006.
20h49m