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Ternura feminina em você vejo.
Estou distante mas, mesmo assim, o desejo
Reporta-me a sentir o que não sinto.
Esperei a vida inteira por uma chance,
Singela e definitivamente audaz para dizer:
Ainda que em pura energia, quero você!
Capacho das desmedidas travessuras;
Recruta desajeitado das mais experientes.
Incauto homem – menino aprendiz...
Sei o que sinto – o que não me exime a
Tenaz lucidez da minha digressão.
Imaginar-me aqui, prostrado e dado,
Nada de mim exigiria se não fosse
A magia do seu semblante bem amado.
Deixe-me... prefiro estar a sós nesse instante.
Entrego-me ao furor inconteste do desencanto.
Alianças que se fazem durante a vida inteira
Laços de amizade ou de irmandade, sei lá!
Mais que elos, esse desvelo é o anelo
Entre mãe e filha que se devem amar.
Intimamente nunca as pude cotejar.
Dizer o que queria talvez gere o conflito
Aliciante do meu desajeito e rústico grito.
Braços, pernas... corpo inteiro.
Rosto, fios que pendem e não toco.
A face é a porta d’alma que mereço
Calmamente sentir para ter o verso
Causa e efeito meramente atingidos:
O que professo é o que posso.
Fortaleza-CE, 05 de fevereiro de 2006.
20h24min