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Young menina esculpida pelos deuses ancestrais.
Umbiguinho de porcelana cuidadosamente estampado.
Sou mero expectador, estático e impotente,
Admirando o que apenas vejo, sem o prazer do toque.
Como não me render ao corpo que professo?
A imensa nudez que teimosamente se esconde,
Resplandece a luz invisível do meu querer.
Não sou místico, mas o poder da poesia,
Ele me faz capaz de sentir, mesmo sem ver!
Intimidade preservada - divagações a mil.
Rendo-me ao que não tenho, pois detesto
O despir-se totalmente, sem conquista, sem maestria.
Mero devaneio de pífio homem atrevido.
Ouso profanar um corpo tão distante...
Nele, de veleidades terrenas tão errantes,
Todos ousam navegar...
Entrementes, e felizmente, certos portos,
Internos da criação divina - perfeita -
Raramente se abrem para reles mortais:
O que desejam, isso sim, são suspiros demais.
Nijair
Fortaleza, 16 de janeiro de 2006.
11h54min