O Vagalume

Quem és tu, pobre vivente

Que vagas triste e sozinho

Que tens os raios da estrela,

E as asas do passarinho?

A noite é negra; raivosos

Os ventos correm do sul;

Não temes que eles te apaguem

A tua lanterna azul?

Quando tu passas o lago

De estranhos fogos esplende,

Dobra-se a clícia amorosa,

E a fronte mimosa pende.

As folhas brilham, lustrosas

Como espelhos de esmeralda;

Fulge o íris nas torrentes

Da serrania na falda.

O grilo salta das sarças;

Piam aves nos palmares;

Começam o baile dos silfos

Nos seios dos nenufares.

A tribo das mariposas,

Das mariposas azuis,

Segue teus giros no espaço,

Mimosa gota de luz!

São elas flores sem hàstea:

Tu és estrela sem céu;

Procuram elas as chamas;

Tu amas da sombra o véu!

Quem és tu pobre vivente

Que vagueais tão sozinho,

Que tem os raios da estrela,

E as asas do passarinho!

Anjinhahalco
Enviado por Anjinhahalco em 03/08/2011
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