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Parece real o branco que me desnuda.
Apesar de patente a pouca nudez,
Tenho como meus os reflexos da sua tez.
Rosto, cabelos, olhar... Tudo fascina.
Íntima mulher que não senti, mas que aproxima
Certamente de mim os dotes de caçador.
Indomada fêmea de calor digno de vulcão.
Assanhe-me o corpo, pois a alma está em chama.
Serena,
Invariavelmente linda.
Linda não porque quero, mas por razões naturais.
Vagueando em cada leitura dessa bela tela,
Aprendo a reaprender: meiga, mimo de candura.
Desnudar-te, como eu queria!
Amar-te... Isso cabe aos escolhidos.
Calar-me é que não posso.
Refugiar-me em meus medos,
Unicamente por temer, talvez...
Zanga-me apenas o sonho sem pele.
Crato, 14 de novembro de 2005.
13h49min