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Pele macia e de finas formas, de sutil sedução.
Ausculto meu corpo e me pulsa forte o coração.
Ter apenas este quadro estático que me deu,
Repele-me de mim mesmo, pois quero daqui sair.
Ínclito não sou, mas rei certamente seria, dama,
Com trono e pose, se você me aceitasse como seu.
Impropriedade minha seviciar meu desejo: a cama.
Ainda que não me queira, seja minha: eis-me aqui!
Profanas ideias me alucinam a fraca lucidez que resta.
Restrinjo meus desejos, não por mim, mas pelo que pediu.
A você externar o que verdadeiramente sinto,
Deixaria, além de marcas, sinais de clímax ao vento...
Oh que maldade fantasiar prazer sem presença, desalento.
Corpos levianos... é tão bom estar assim a dois.
O êxtase da libido é flor que sempre se revigora.
Reencontraria o sentido do prazer se a toda hora
Desnudasse o corpo que agora me inspira tesão.
Esfregar-me em seus pêlos, sem pressa e, depois,
Imiscuir-me em seu íntimo calmamente, sem demora.
Revelaria não dois corpos, mas o sentido da irrisão.
O desejo é inconteste, o que falta? Você estar aqui.
Fortaleza-Ce, 02 de outubro de 2005.
16h49min