AOS REIS TUDO AOS SÚDITOS NADA

A O S R E I S T U D O A O S S Ú D I T O S N A D A

- Tu não dizes senão tristes verdA'des, oh homem de Deus!

Aos reis tudo que é bom, gordO' e saboroso;

as mesas deles são espaçosaS' e fartas;

nos seus exércitos os mais bR'avos soldados;

nas suas camas as mais bE'las mulheres;

nos seus sonhos arroubos de vI'tórias;

os seus deuses recebem oS' louvores;

nas suas T'ranqüilas horas de lazer: gargalhadas;

nas sU'as músicas maviosas melodias;

os seus entenD'imentos são falas sem gritos;

os seus filhO's serão futuros príncipes;

e aos seus mortos dignA's mortalhas.

- Digo ainda: deixam-nO's respirar com hesitação;

só para suportarmoS' o trabalho de escravos;

sobre nossos ombros cargaS' insuportáveis;

nas nossas mesas, as Ú'ltimaos misérias das sobras;

para nos defenD'er, nossas próprias mãos;

em vez de sorrI'rmos, choramos;

nossos coberT'ores, palhas e folhas;

como deuses temO's o sol e a chuva;

no descanso noS' consolamos uns aos outros;

não sonhamos, N'ossa vida é repleta de pesadelos;

para os nossos filhos A' mesma herança;

se falamos não somos ouviD'os, se fazem de surdos;

e por fim, aos reis tudo e A' plebe nada.

(fevereiro/2003)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 11/07/2011
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