Um Passeio caipira
Conto de verão
Um Passeio caipira
A vida realmente é difícil de compreender, olha que sou uma pessoa já bem rodada, já vivi o bastante para compreender muita coisa.
Será???????
Pois bem vou procurar contar, bem resumido uma pequena história.
Recebemos um convite para fazer um passeio ao interior, numa cidadezinha pequena com algumas pousadas.
Confesso que eu particularmente fui meio contrariado, deixar o conforto de minha casa, deixar de fazer coisas que costumeiramente fazia todos os dias, aquilo religiosamente no horário.
Era chegar em casa trocar de roupa ficar a vontade tratar os passarinhos fazer um café fresco ir para o computador verificar os e-mail, ver as noticias fresquinhas na internet, depois ver o jornal da TV, que é tudo repetição do que já tinha visto e lido na internet, terminado o jornal da TV volto para o computador e dá-lhe a jogar sinuca bola 8 e tranca on line.
Já na sexta feira estávamos com as malas prontas.
Sábado bem cedo levantamos, começamos nos arrumar para o passeio.
O tempo estava enfarruscado, amuado, mas tínhamos que ir, porque já estavam nos esperando.
Pegamos a estrada e as coisas começaram mudar, o sol começou a aparecer, a estrada boa para dirigir, começamos a curtir a paisagem e a medida que nos aproximávamos da cidadezinha, começamos a ver coisas lindas que só existe no interior e que para nós já estava sendo esquecido.
Saímos da BR e pegamos a estradinha da cidadezinha começamos a ver alguns animaizinhos que atravessavam na frente carro, como lagartos, preás e uma infinidade de pássaros, assim fomos curtindo a paisagem da serra e de rios com suas corredeiras, trazendo na lembrança um pouco da nossa infância.
Com aproximadamente 2 horas de viagem chegamos a Pousada, fomos recepcionados pelo pessoal que nos aguardavam, que se apressaram em mostrar nossos aposentos, que diga-se de passagens todos novos e muito bem equipados.
O sol estava pegando forte, eu não sabia o que fazer primeiro, não sabia se ia pra água, se arrumava o material para pesca, ansioso para participar de alguma atividade radical com a turma.
Alguém teve a feliz idéia e falou vamos tomar uma cerveja bem gelada pra comemorar, e foi só risos, até a hora do almoço não fizemos nada a não ser tomar cerveja e brincar no tanque, que de vez enquanto um “louco” (hospede) se atirava la do trampolim da tirolesa e se esborrachava no tanque.
De repente bate um sino, meus amigos apressadamente queriam me informar a razão do sino, era hora do almoço, já fazia mais de 4 horas que estávamos la tomando cerveja, alguns já se apressavam em perguntar quem vai a tarde fazer arvorismo, quem vai andar a cavalo, quem quer ir fazer tirolesa no rio, confesso que fiquei meio desorientado para escolher o que fazer e surpreso pela quantidade de atividades oferecida pelos proprietários da Pousada.
A fome já estava batendo e eu não via a hora de ir para o refeitório me deliciar com aquela comida regional, comida simples, arroz com feijão e frango caipira, feita no fogão a lenha.
Comida que agente come no dia a dia, mas la é tudo diferente, ambiente propicio para fazer você esquecer tudo, enquanto observava um bando de tucanos na arvore ao lado, que delicia tudo aquilo.
A turma formada de vários casais e filhos e amigos já se reuniam para fazer arvorismo, outra turma se preparava para cavalgada.
Eu sinceramente fiquei ali mesmo no tanque, hora tomava cerveja, hora pescava, hora me jogava da tirolesa e mergulhava no tanque incentivado pela minha neta.
Fui ver o arvorismo confesso que fiquei arrependido de não ter participado com a turma.
A tardinha já caia quando chegou a turma da cavalgada trotando, com os cavalos suando, um espetáculo que não esquecerei, o sol batendo firme e forte, e dá-lhe cerveja e era papo pra la e papo pra Ca era só alegria, o som do carro tocando musicas apropriadas para a ocasião, uma delas era assim “DE QUE ME ADIANTA VIVER NA CIDADE, SE A FELICIDADE NÃO ME ACOMPANHOU...” outros arriscavam a cantarolar Menino da Porteira, e assim passou o sábado, quando vimos já era tarde e o cansaço começou a pegar, cai na cama e não vi mais nada.
Amanheceu o dia e já ouviu cantos dos pássaros, levantamos e fomos pro café da manhã, pão caseiro com geléias e mel, leite gordo algumas frutas, simplesmente maravilhoso.
O pessoal já estava se organizando pra fazer a grande tirolesa mais de 200 metros que atravessava o rio da região foi uma aventura fora de série. Voltamos próximo do horário do almoço e dá-lhe cerveja que tomávamos no pequeno píer do lago da pousada, é conversa que vem é conversa que vai, de repente bate o sino tão esperado hora do almoço com um macarrão caseiro e uma posta de panela, delicia.
A tarde um grupo de hospedes foi fazer rapel, outro grupo foi visitar a pequena cidade, eu preferi ficar ali mesmo no tanque me refrescando e me preparando para o retorno.
Como dizem o que é bom dura pouco e é verdade, foi chegando a hora de partir, as despedidas, as traias todas no carro, demos um até breve o voltamos pra casa, com o espírito renovado e aliviado de ter ido.
Não vimos o tempo passar, não senti falta nenhuma do computador e de jogar sinuca ou tranca e nem tampouco da TV.
Foi um desafio, pude ver o quanto é bom ficar livre desse mundo virtual que estamos nos enterrando.
O passeio nos fez sentir bem melhor, mental e espiritualmente revigorados, melhorou nossa alto estima e deixamos o estresse para traz.
Viajar é bom, sair da rotina melhor ainda é só escolher o lugar e ir.
Eu recomendo a cidadezinha Barra do Turvo aqui pertinho de Curitiba, na divisa com São Paulo, Pousada João de Barro.
Quer mais, então é só ir até lá......
JCS. 24/01/2011