SE MORRER, MORREU: ENTERRE!
S E M O R R E R, M O R R E U: E N T E R R E!
O significado doS dizeres acima, ao pé da letra;
reproduzidos entende-sE bem à luz do respectivo contexto,
na verdade, se apresentaM sucessivamente duas atitudes.
A primeira é a da generOsidade aparente, até superficial,
ou seja, se moRrer... pode acontecer com qualquer um,
simplesmente faz refeRência ao “se”, por um acaso;
que denota pouco fErvor, um simples infortúnio,
expressando uma meRa condição corriqueira;
Mostrando só um propósito de acontecer,
nãO um resultado final, conclusão específica.
A outRa atitude, a segunda, não enceta vacilação;
pois afiRma-se sem refutação: morreu!.
Não dEixa espaço para dúvidas nem permite réplica.
Vem Uma ordem peremptória: enterre!
Também não dá margEm a discussão.
Como quer que seja, num e Noutro caso é muito legítimo
prestar assistência e sepulTar os mortos.
Obra altamente estimada, lEvá-los à sua última morada,
pelos parentes, amigos e pela pRópria morte,
o que não implica reconheceR a legitimidade da súplica.
Outrossim, quem manda tEm poder,
cabe obedecer quem carece de competência.
(janeiro/1992)