Prozeando.

Do amor muito já se falou

De Deus então nem comentar

Do destino então nem se fala

Mas eu quero com vocês prosear

Já que falaram de quase tudo

E quase não temos mais o que falar

Falarei um pouco dos astronautas

Falarei também sobre o mar

Então eu falo do infinito

Falo para onde irei depois

No meu caixão não quero flores e nem velas

Quero ainda ser carregado por carros de boi

Ficarei a sete palmos

De barriga para o ar

Sentindo talvez os insetos me comendo

Sem poder ao menos resmungar

Não sei se sentirei cócegas

Sei que não poderei me mexer

Sendo aos poucos devorado por inteiro

Só devo deixar o tempo correr

Quando me encontrar só na carcaça

E os ossos começarem a desmanchar

Sei que ainda não será o fim de tudo

O meu espírito irá para outro mundo morar

Sei que falei algumas asneiras

Mas peço não me leve muito a sério

È só para nós prosear

Porque com certeza o nosso fim è no cemitério.

Luiz Carlos Brizola
Enviado por Luiz Carlos Brizola em 05/09/2010
Reeditado em 02/10/2010
Código do texto: T2479251
Classificação de conteúdo: seguro