Prozeando.
Do amor muito já se falou
De Deus então nem comentar
Do destino então nem se fala
Mas eu quero com vocês prosear
Já que falaram de quase tudo
E quase não temos mais o que falar
Falarei um pouco dos astronautas
Falarei também sobre o mar
Então eu falo do infinito
Falo para onde irei depois
No meu caixão não quero flores e nem velas
Quero ainda ser carregado por carros de boi
Ficarei a sete palmos
De barriga para o ar
Sentindo talvez os insetos me comendo
Sem poder ao menos resmungar
Não sei se sentirei cócegas
Sei que não poderei me mexer
Sendo aos poucos devorado por inteiro
Só devo deixar o tempo correr
Quando me encontrar só na carcaça
E os ossos começarem a desmanchar
Sei que ainda não será o fim de tudo
O meu espírito irá para outro mundo morar
Sei que falei algumas asneiras
Mas peço não me leve muito a sério
È só para nós prosear
Porque com certeza o nosso fim è no cemitério.