O Sogro: ( Verìdico )

Levantava muito cedo

Acendia seu fogão

Colocava uma chaleira para ferver

Para saborear seu chimarrão

Em seguida ligava seu rádio

Para escutar as suas músicas sertanejas

Com o céu ainda escuro

Às vezes cheio de estrelas

Acendia o seu cachimbo

E começava a baforar

À fumaça ia longe

Com seus pensamentos a viajar

Pegava seus apetrechos

Calmamente colocava seu chapéu

Saia silenciosamente

Quase ao clarear do céu

Eu como filha

Sentia orgulho deste trabalhador

Pois tinha uma família enorme

Que se dedicava com muito amor

Eu a esperava todas as tardes

Para poder espiar a sua marmita

Eu as pegava para lavar

Só pelo prazer de comer o resto de sua comida

Assim fomos passando

Por muitos anos em sua companhia

Mal sabia eu...

A peça que o destino nos pregaria

Certo dia em um armazém

Por uma discussão idiota e besta

Veio alguém covardemente por traz

Golpeando-lhe a cabeça

Foi o pior dia de minha vida

Que às vezes me recuso a lembrar

Minha mãe e irmãos chorando

E eu achando forças, para o meu pai enterrar

Tanto tempo já passou

E continuo ainda com esta dor infinita

Até hoje eu ainda sinto muito sua falta

Deste grande ser, que me deu a vida.

Um presente à esposa.

Luiz Carlos Brizola
Enviado por Luiz Carlos Brizola em 13/08/2010
Reeditado em 20/12/2010
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