O Sogro: ( Verìdico )
Levantava muito cedo
Acendia seu fogão
Colocava uma chaleira para ferver
Para saborear seu chimarrão
Em seguida ligava seu rádio
Para escutar as suas músicas sertanejas
Com o céu ainda escuro
Às vezes cheio de estrelas
Acendia o seu cachimbo
E começava a baforar
À fumaça ia longe
Com seus pensamentos a viajar
Pegava seus apetrechos
Calmamente colocava seu chapéu
Saia silenciosamente
Quase ao clarear do céu
Eu como filha
Sentia orgulho deste trabalhador
Pois tinha uma família enorme
Que se dedicava com muito amor
Eu a esperava todas as tardes
Para poder espiar a sua marmita
Eu as pegava para lavar
Só pelo prazer de comer o resto de sua comida
Assim fomos passando
Por muitos anos em sua companhia
Mal sabia eu...
A peça que o destino nos pregaria
Certo dia em um armazém
Por uma discussão idiota e besta
Veio alguém covardemente por traz
Golpeando-lhe a cabeça
Foi o pior dia de minha vida
Que às vezes me recuso a lembrar
Minha mãe e irmãos chorando
E eu achando forças, para o meu pai enterrar
Tanto tempo já passou
E continuo ainda com esta dor infinita
Até hoje eu ainda sinto muito sua falta
Deste grande ser, que me deu a vida.
Um presente à esposa.