La Cathédrale (parte 03)

A palavra que mais se adequava àquele apartamento era "caloroso", todo pintado em cores quentes, ornado com flores, com quadros alegres e com felpudos tapetes de pele.

A figura sinistra de Otaviano parecia totalmente deslocada por ali. Seu corpo e roupas eram marcados pelo preto, pelo branco e gradações de cinza. O longo cabelo era preto; os olhos eram cinzas; a língua era cinza; a pele era branca como a neve; a camisa era branca, sem estampas, sem listras, sem quaisquer padrões que lhe quebrassem a monotonia; o casaco, as luvas e a calça, pretos como o piche.

O rosto andrógino de Otaviano e seu corpo magérrimo faziam com que as pessoas ficassem confusas diante dele. Muitos homens o cumprimentavam com beijinhos na face, somente para descobrir muito depois se tratar de um homem, alguns nem ligavam. Seu nariz era fino e reto como a metade de um triângulo, cuja ponta terminava em uma curvatura graciosa. Tudo em seu rosto era elegantemente feminino. Os olhos cinzas pareciam duas jóias em seu semblante meigo. A boca de lábios finos parecia ter sido desenhada à mão com penas de bem-te-vi.

Jean-Baptiste reconhecia o Otaviano de três anos atrás em seu apartamento muito mais do que em sua pessoa física. Lembrava-se do garoto entusiasmado pela vida, cuja necessidade de cores era tão intensa, tão vibrante que seu vestuário parecia algo saído de uma aquarela alucinada.

- O que aconteceu com você nesses três anos? - perguntou afinal.

Se Otaviano parecia uma escultura de gelo andrógina, Jean-Baptiste parecia uma estátua pós-moderna, em planos assimétricos, sem qualquer tipo de estruturação aparente. Enquanto uma de suas faces fora pesadamente maquiada, a outra parecia ter sido limpa com soda cáustica. Um de seus olhos era azul, o outro verde e havia um terceiro olho castanho, desenhado na vertical, bem no meio de sua testa. Os cabelos cortados curtos e arrepiados eram de um branco-azulado quase reluzente. O nariz inocentemente arrebitado contrastava com a boca carnuda e sensual. Seu corpo era musculoso, definido, viril, contrastando com mãos de unhas bem feitas, esmaltadas e delicadas. A caríssima camisa azul desabotoada exibia um par de piercings dourados que pendiam de seus mamilos. Havia um pino de ferro frio enterrado em sua nuca. Suas runas enochianas e babilônicas tatuadas na nuca, no plexo solar, no cóccix e abaixo do umbigo, brilhavam como néon na luz negra das danceterias.

- Venha - disse Otaviano - quero mostrar algo a você. Não sei explicar, mas talvez você possa.

Ao chegarem ao quarto, o ambiente mudara de tal forma que Jean-Baptiste quase chegou a sentir uma leve e frígida brisa tocar sua pele alva. Aquele aposento não tinha nenhuma conexão com o resto do apartamento, era frio, sem graça, sem cor, sem vida. Até mesmo os móveis, feitos de metal e vidro, exprimiam aquela impessoalidade gélida, ao contrário da madeira e do couro artisticamente trabalhado dos outros aposentos.

- Isto é a sua cara, amor - comentou.

- Venha aqui - chamou Otaviano abrindo o guarda-roupa.

A maior parte das roupas de Otaviano tinham a mesma frieza sem graça daquelas que ele estava usando, mas cinco delas eram notavelmente coloridas, embora tais cores não combinassem entre si.

Otaviano tomou uma camiseta berrante e caótica em cores e imagens, exibindo-a para Jean-Baptiste, como quem exibe uma obra de arte.

- Está querendo me mostrar o quanto você tem mau gosto? - perguntou Jean-Baptiste.

Em resposta o vampiro rasgou a camisa que estava usando, puxando-a pelo colarinho, e vestiu a outra em seu lugar. Imediatamente as cores berrantes foram empalidecendo e os desenhos desaparecendo até ela se tornar completamente branca.

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Depois que o Tirano saiu, Bárbara pegou o telefone e ligou para 0800 do Tálamo de Prometeu.

- Tálamo de Prometeu, Sérgio, boa noite.

- Oi Serginho. Sou eu, Babi. Você não pega mais folga na quarta-feira?

- Oi Babi, que bom falar com você. Mudaram tudo por aqui, de novo. Agora que é tudo setorizado, to trabalhando por escala. A Aninha ta por aí, né?

- Como você sabe. Ah, esqueça. Que bobagem a minha... o olho-que-tudo-vê...

- Tudo vê - completou Sérgio, rindo.

- Sim - riu também Bárbara - Ela ta aqui sim. Hum, Serginho, cá entre nós, ela aprontou alguma pra vocês estarem observando ela?

- Não é nada disso, Babi. Mas o Sr Cardoso mandou a gente ficar de olho em um ghûl dela, um tal de Lukas, disse que o sujeito podia ser encrenca.

- É mesmo? Por que?

- Bom, ele não tinha treinamento. Parece que Aninha pegou ele em Ferraz de Vasconcelos - risos - o sujeito era cobrador de lotação.

- Sério mesmo?

- Sério, mas não se deixe enganar, Babi. Ouvi dizer que um desses matou um mago.

- É? Como isso é possível?

- Não sei, mas dizem que foi com um relógio-despertador.

- Aqueles de corda?

- Aqueles de corda.

- Meninoooo.

- To te falando, Babi, mas diga lá: o que o Tálamo de Prometeu pode fazer por você?

- Ah, sim. Meu apartamento está uma bagunça, sangue e pedaços de cérebro espalhados pelas paredes e tudo mais. Preciso que vocês me mandem uma equipe de limpeza pra cá.

- Claro, claro. Dá um recadinho pra Aninha por mim, Babi?

- Manda.

- Diz que o ghûl dela não foi destruído ainda, só que ele vai precisar de um par de olhos novos. Ah. E pernas novas também... bom, vai precisar de um pau novo, mas acho que ela não vai usar isso né?

- Serginho. Sinceramente acho que Aninha não vai precisar desse sujeitinho vivo. Pode dar um jeito nisso pra mim?

- Claro! A gente realoca ele caso tenha alguém interessado, caso contrário...

- Ok, estejam aqui em quinze minutos ou o Cardoso vai receber um telefonema nada amigável meu.

- Como você é má, Babi - falou Sérgio rindo.

Clic.

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Gilberto Cardoso recebeu um comunicado, prioridade beta, às 22h e 40min, informando o telefonema de Bárbara, quinze minutos depois que a pequena luz vermelha no painel acendera no lugar onde ficava seu apartamento, mostrando que todos os aparatos de vigilância lá haviam sido vaporizados. Trinta segundos depois ele ligou para Felipe Castillo, Supervisor Geral da GEIST em São Paulo.

Bárbara até então não havia tomado partido de nenhuma das facções em conflito na 25ª guerra paulistana, portanto ninguém se preocupara com o fato. Todavia a intuição de Cardoso lhe dizia que alguma coisa estava flagrantemente errada com relação a vampira. Isso e o fato de Ana Clara de Bravuna ter aparecido por lá deixava o atalaia-chefe inquieto.

A função do Tálamo de Prometeu era servir de amortecedor entre os vampiros e a sociedade mortal. Certificando-se de que os humanos não descobririam o Tablado Oculto e que os vampiros não transgrediriam suas regras não-escritas. Para isso haviam criado os vários Serviços de Suporte e Logística, como o 0800 do Tálamo de Prometeu, além de outros serviços desconhecidos do grande público não-morto, como o Serviço de Monitoramento, Controle e Extermínio.

Sem que os desmortos soubessem, os atalaias contavam com a ajuda dos tecnomagos da GEIST que auxiliavam no controle/extermínio de vampiros com suas milícias secretas, como o Comando Desmodus, o VSD, a Força-Tarefa Cobra Negra, etc.

Ninguém (nem a Casa Couto Sampaio, nem da Família Borba Soares, nem a Societas Draconia do Brasil, nem a Hell Chapel, nem o Palacete do Crepúsculo, nem a Ordem do Templo, nem os Iluminatti) parecia interessado em Bárbara Borges Campanaro. Por que então o Tribunal Negro da D-Zone, viera à São Paulo, no meio de uma Guerra Regional para executá-la? Quem havia vaporizado os equipamentos contra-mágicos do Comando Desmodus e do Tálamo de Prometeu? A GEIST representava o monopólio da tecnomagia no mundo e certamente os inquisidores não possuíam o conhecimento, muito menos o equipamento, para destruir tais aparatos. Então, quem havia sido? Quem detinha tal erudição e tal aparelhamento?

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- Como fez isso? - perguntou Jean-Baptiste.

- Então você também não sabe - falou Otaviano, saindo do quarto - uma pena.

- Espere - pediu Jean-Baptiste, enquanto acompanhava o amante através do apartamento - eu sei o que é isso.

- Sim, claro, assim como eu também - respondeu Otaviano, seguindo pelo corredor até onde a planta do apartamento indicava haver uma cozinha, a qual fora transformada em uma espécie de sala de armas - Isto é a conseqüência de décadas de uso do poder das trevas, o qual dá nome aos Trevatti, mas eu não sou Trevatti e nem tenho o poder das trevas.

- Bárbara é Trevatti - observou Jean-Baptiste.

- E o que isso significa? Que eu, por ter sido seu preceptor, possa ter adquirido esse defeito por osmose? Ou por convivência? Eu não a criei, você sabe disso - disse Otaviano enquanto desembainhava uma das espadas que enfeitavam as paredes.

- Eu sei o que significa ser um preceptor, Otaviano. Você meramente a educou.

- Sim - respondeu Otaviano - penso que devo encontrá-la. Talvez ela tenha alguma resposta, afinal.

Dito isso, Otaviano atacou. Uma espécie de reflexo condicionado fez com que Jean-Baptiste escapasse por uma fração de segundos da lâmina mortal.

- É uma bela espada, você não acha? - indagou Otaviano, como se não houvesse tentado matar o amante.

De fato era bela: um dragão oriental de corpo serpentiforme envolvia o cabo; entre cada anel do pequeno deus foram esculpidos desenhos que contavam a história da espada; a guarda prateada tinha um padrão complexo, quase inumano; entre os dois gumes da lâmina, runas estranhas compunham uma espécie de escrita universal, a qual todos podiam ler, embora não nem todos soubessem como. Estava escrito: "Ninguém há que me possa escapar, nem a fera, nem o morto, nem o etéreo, nem deus, nem demônio, nem nenhuma outra criatura, nem acima do céu, nem no mar, nem debaixo da terra, nem no sonho, nem em nenhum outro lugar. Tudo que é vivo morre ao meu toque, tudo que existe é destruído. Eu sou Agonia".

Jean-Baptiste pegou uma katana na parede e pôs-se em guarda. Viu Otaviano erguer Agonia acima da cabeça e sorriu. Daria um passo adiante segurando a katana com ambas as mãos por sobre o ombro direito, bloqueando o ataque desferido contra a sua cabeça e, ao sentir o impacto, deslizaria a sua lâmina por baixo da lâmina de Agonia, usando toda a força de sua mão esquerda, cortando o vampiro horizontalmente na altura da cintura, partindo-o ao meio. Depois poderia descobrir o porquê daquele estranho ataque.

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Ana Clara olhava atentamente pela janela quando ouviu a voz de Bárbara chamando-a:

- Venha, vamos dar uma volta enquanto os atalaias limpam isso aqui.

- Seu ex-príncipe encantado estava por aqui.

- Otaviano?

- Sim.

- Estranho, pensei que ele tivesse me esquecido.

- Pelo visto não esqueceu. Nem esqueceu de Jean-Baptiste tampouco.

- Otaviano e Jean-Baptiste juntos? - exclamou Bárbara rindo - Ora que bela surpresa. Pensei que Jean-Baptiste estava puto da vida conosco.

- Não se preocupe com eles. Vi Nicolae os seguindo quando nos deram as costas.

- Nicolae Ivanovna? Eu já ouvi esse nome antes, mas não consigo me lembrar onde.

- Ele é um bastardo rebelde, gerado pelo pecado, ou o que é considerado pecado dentro da Sacra Família Ivanovna. Alguns dizem que ele é um canibal, outros que é um matador de aluguel, mas todos concordam que esse sujeito não é flor que se cheire.

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- Tálamo de Prometeu, Sérgio, boa noite.

- Limpeza domiciliar - disse Otaviano - discrição absoluta.

Ao desligar o vampiro sentiu um vento frio movimentar seus cabelos.

Uma menina loira o encarava.

- Olá Michelle - disse o vampiro - imagino que tenha vindo buscar Agonia.

A loirinha não disse nada, mas estendeu os braços em direção à espada.

- Tome - falou Otaviano entregando-lhe a arma.

Ainda muda, a menina foi ao encontro do vampiro ruivo que aguardava no hall do elevador.

Otaviano olhou novamente para o corpo de Jean-Baptiste, que havia sido partido ao meio por Agonia, juntamente com a katana que ele empunhava.

- Que falta de critério, meu amor. Entre todas as armas desta sala você escolheu a mais comum, a mais sem graça, a mais carente de estilo ou nobreza. Penso que numa outra vida, se a outra vida existir, você possa ponderar sobre o momento de sua morte e a vida que levou antes dele.

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Alessandra Bastos Monteiro assistia um psicanalista explicar o processo pelo qual os meios de comunicação alteraram o processo catártico dos filmes e novelas para um processo mimético, onde tinham a pretensão de se tornarem formadores de opinião, quando a campainha soou fazendo seu coração disparar.

Só havia uma pessoa a visitava às duas da madrugada: Bárbara Borges Campanaro. Um nome ao qual Alessandra relacionava toda a sua felicidade, pelo menos nos últimos meses.

Quando abriu a porta lá estava ela, Bárbara, a iluminada, o amor em forma de mulher, toda virtude reunida numa única pessoa. Alessandra olhou para os olhos castanhos de Bárbara com a mesma expressão com que veria o Cristo transfigurado, olhava seus cabelos igualmente castanhos como quem olha para os campos do Éden. De algum modo inconsciente ela sabia que Bárbara não era linda. Era bonitinha. Podia facilmente tornar-se extremamente feia ou extremamente atraente com pouco esforço. Os olhos eram a fonte de toda a sua beleza, eram tão expressivos, tão vivos que ao mirá-los, perdia-se o contato com a realidade ao redor deles. O sorriso era o sorriso de uma velhinha, não tinha dentes bonitos, mas quando sorria sem mostrá-los o sorriso, iluminava-lhe a face. O nariz era feio se visto de perfil e formoso se visto de frente. Seu rosto todo era de uma bela feiúra, ou de uma feia beleza, que pendia para a beleza ou para a feiúra a seu bel prazer. Não era o rosto que lhe fazia bonita, mas a aura em torno desse rosto. Ao vê-la detrás do portão naquela quinta-feira ela lhe parecia ma-ra-vi-lho-sa.

Abriu apressadamente o portão e tomou Bárbara nos braços, apertou-a bem forte, fechou os olhos e deixou as lágrimas correrem fartas.

Ana Clara ao ver a cena, lembrou de um poema de Guerra Junqueiro que retratava com perfeição aquele tipo peculiar de amor:

Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão

Em mim não é amor; filha, é adoração!

Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora.

Quando da minha noite eu te contemplo, aurora,

E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa

Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça

Do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante

Eu sinto - virgem linda, inefável, radiante,

Envolta num clarão balsâmico da lua,

A minh'alma ajoelha, trémula, aos pés da tua!

Adoro-te!...Não és só graciosa, és bondosa:

Além de bela és santa; além de estrela és rosa.

Bendito seja o Deus, bendita a Providência

Que deu o lírio ao monte e à tua alma a inocência,

O Deus que te criou, anjo, para eu te amar,

E fez do mesmo azul o céu e o teu olhar!...

Três vezes com três pessoas diferentes entre onze horas da quarta-feira e duas horas da quinta-feira Ana Clara testemunhou aquele amor devotado. Aquela paixão, que de tão arrebatadora, se tornara veneração. Três pessoas, três visitas e Ana Clara ficava cada vez mais desconfortável diante da amiga. Seu poder, sua vida, seu estilo pessoal fazia com que os instintos mais lascivos, mais pervertidos das pessoas viessem à tona, mas Bárbara parecia tocar algo mais profundo nelas, como se lhes pudesse descortinar a própria alma e ela sentia um misto de inveja e medo diante dessa constatação. Inveja por uma capacidade que ela mesma não tinha e medo de um poder que poderia ser usado contra si.

Ana Clara começava a perceber que estava experimentando um sentimento de amizade e segurança fora do comum entre os mortos. Vampiros da estirpe delas eram predadores solitários e não criaturas sociais. Amizade, segurança e amor eram sentimentos alienígenas aos não-mortos. Toda relação social entre esses vampiros era regida pelo interesse e não por alguma pretensa amizade verdadeira. Não havia empatia, não havia ligações emotivas, não havia o "estar vampiro", havia o "ser vampiro" e o "ser vampiro" transcendia a mentalidade tribal do humano. Sua noção de segurança e identidade não estava ligada ao grupo, seu amor não transladava para o Outro e sua simpatia se sujeitava unicamente ao Ego. Ana Clara, porém, se sentia amiga de Bárbara. No começo ela usara seus dons para trazer Bárbara até ela, para escravizá-la, para viciá-la em sexo, em sensações de êxtase que somente Ana Clara poderia gerar, mas ela começava a perceber que sua vítima exercia sobre si um poder igualmente cativante: esse mesmo amor religioso que todo o seu gado humano lhe devotava.

As duas vampiras esperaram alguns minutos até que Alessandra parasse de chorar e as convidasse para entrar na casa. Bárbara nunca invadia, nunca entrava na casa de alguém sem convite.

Assim que entraram Ana Clara desejou ardentemente beijar Bárbara e antes que pudesse pensar uma segunda vez já sentia o gosto da boca da amiga. Imaginava que a humana armaria um barraco, faria o maior escândalo e, se fizesse, a vampira sabia que arrancaria sua cabeça antes que Bárbara pudesse se mover.

Alessandra esperou que as duas mulheres parassem de se beijar e convidou-as a acomodar-se no sofá ou em qualquer outro lugar, assegurando que a casa lhes pertencia tanto quanto ela mesma, depois desapareceu no interior da residência.

Bárbara sorria amavelmente e, dir-se-ia, vitoriosamente.

Ana Clara estava confusa. Por que quisera tão desesperadamente demonstrar para a humana que possuía Bárbara? Por que a humana não fizera nada? Por que, pelo contrário, ficara olhando encantada como se vislumbrasse algum espetáculo da natureza? Por que, diabos, Bárbara parecia tão tranqüila, tão pouco surpresa com seu gesto infantil? Por que se sentia como uma títere fazendo tudo quanto a titereira desejava?

Bárbara fizera Ana Clara chupar o pau do humano que elas haviam visitado antes de Alessandra. Ela havia sussurrado no seu ouvido que não deveria provar o sangue do humano, nem matá-lo, se limitando a proporcionar-lhe todo o prazer que pudesse. Sem entender o porquê Ana Clara obedeceu. Ativou o seu poder, chupou o membro do humano engolindo, a cada cinco minutos, os jatos de esperma que eram despejados em sua garganta.

Quando Alessandra retornou, ela estava acompanhada do filho adolescente. Eles traziam uma espécie de equipamento criogênico. O mesmo equipamento, observou Ana Clara, utilizado para guardar o sangue extraído do outro humano (que ela fizera gozar dez vezes) em vidros selados a vácuo.

- Hoje não, querida - disse Bárbara para Alessandra, que ficou visivelmente decepcionada - Viemos aqui somente para descansar um pouco e conversar.

- Adoro conversar com você, Babi. No entanto, pensei que você pudesse iniciar o Fabinho. - respondeu Alessandra afagando a cabeça do filho.

- Você sabe que tem todo um processo de conversa, uma espiral dialética ascendente, antes que a coisa toda se torne mais física, Ale, mas se você realmente desejar isso, se você ou ele não tiverem condições de esperar, eu posso fazê-lo.

O garoto estava visivelmente excitado e Ana Clara podia captar várias imagens que emanavam da mente dele. Ele desejava exibir a sua vara, desejava que ambas lhe chupassem, desejava vê-las se chupando e desejava perder-se em uma orgia selvagem com as duas amigas da mãe. A vampira passou a língua nos lábios. Sentia fome do tesão do garoto, queria possuí-lo e devorá-lo. Começou a provocar o garoto com olhares, caras e bocas de modo a quase fazê-lo perder o controle.

- Eu acho melhor esperar - respondeu Alessandra - Não quero queimar etapas, Babi.

O garoto já estava acariciando descaradamente o membro por cima da calça. Percebia que a amiga vagabunda da mãe estava com os bicos dos peitos apontando pra frente, sinalizando mais do que técnico em final de campeonato. Ainda por cima a mãe o chamara quando estava se masturbando diante do computador e ele enfiara o membro nas calças de qualquer jeito. Agora a cueca lhe apertava, a calça machucava e ele queria desesperadamente colocá-lo para fora.

- Vamos fazer tudo do jeito correto - continuou Alessandra, colocando as mãos nos ombros do filho.

O calor das mãos em seu ombro parecia espalhar-se por todo o corpo. A vadia olhava para o volume em suas calças e passava a língua nos lábios. Deus, que lábios carnudos, deve ser uma delícia beijar, que língua deliciosa, não uma língua rombuda, mas aguçada. Olhos verdes faiscantes, cabelos castanho-claros com algumas mechas vermelhas, cara de puta, cara de atriz pornô. Olha aqueles peitos, parecem duas turbinas, dois holofotes acesos iluminando a estrada do pecado.

- Posso usar o banheiro? - perguntou Ana Clara, sorrindo.

O jeito que a vadia falou "usar o banheiro" não engana ninguém. Ta na cara que ela vai siriricar.

- Claro. Quer que eu mostre onde é? - perguntou Alessandra.

- Eu vou ! - disse Fabio, prontamente.

Olha a bunda dela, cara! Redondinha, saliente, empinada!

- Eu também quero ir - disse Bárbara.

DUAS, cara! Putaquepariu! É Goooooooooooooooooooooooooollllllll do Brasiiiiiiiiillllll, foi, foi, foi, foi, foi eeeele. Fabiããããão, o craque da camisa número dez.

- Bem, vou guardar essas coisas então - respondeu Alessandra.

Vai mãezinha, deixa que o Fabião cuida de tudo.

As coisas acabaram não saindo do jeito que Fábio esperava. A loira ainda dera um selinho nele, fazendo-o perder completamente o controle, mas Bárbara atirou-o contra a parede e fechou a porta. Ele acabou sentado do lado de fora do banheiro, com o pênis fora da calça, desconsolado.

- Eu preciso de sangue, Babi. Você não pode comigo, então nem tenta me impedir - disse Ana Clara assim que se viu a sós com a outra vampira.

- Fica quietinha, amor - falou Bárbara - Eu tenho tudo o que você precisa de verdade.

Tudo ficou escuro depois disso.

Pergamasco
Enviado por Pergamasco em 31/08/2006
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