La Cathédrale (parte 02)
Samuel Mesquita, oficial encarregado do posto de vigilância beta, do Comando Desmodus, informou às 22h e 19min que o inimigo atacara o posto alfa, sob o comando de Jessé Monteiro, às 22h e 10 min neutralizando-o completamente. Aguardou cerca de dois minutos a confirmação da base de comando. Ordenaram-lhe que prosseguisse conforme o cronograma.
O superintendente de circuito do Comando Desmodus de São Paulo, André Marques Fonseca, recebeu o informe às 22h e 20 min com um certo desgosto. Um minuto inteiro se perdera entre emissão, decodificação criptográfica, decodificação lingüística, decodificação petrusca e receptação do informe. Certamente o serviço de comunicações da GEIST brasileira deixava muito a desejar com relação à sua contraparte européia. Ademais achara uma grande estupidez ter "poupado recursos" equipando o posto de vigilância alfa com tanto maquinário obsoleto e pessoal não-qualificado. Certamente um veterano como Jessé Monteiro percebera que a real intenção do Comando Desmodus era usar seu posto como distração para os inimigos. Outro problema que Fonseca percebia claramente nessa "contenção de despesas" era o fato de que o Supervisor Geral estava declaradamente subestimando Jean-Baptiste Lecroix, um calejado veterano da D-Zone que, no mundo oculto dos vampiros, sobrevivera a quatro Guerras Mundiais, dezenas de Guerras Regionais e pelo menos duas grandes Revoluções de Castas. Certamente um desmorto com a ficha de Jean-Baptiste perceberia o embuste daqueles em femtossegundos.
Ordenou que todos os postos de vigilância envolvidos naquela operação configurassem seus comunicadores para o módulo sigma ao invés da codificação ternária, fazendo com que as ondas viajassem pelo interespaço ao invés de cruzarem o ambiente vulgar, e pôs todas as equipes em prioridade azul. A primeira contramedida visava otimizar o tempo de transmissão e a segunda visava minimizar os estragos caso a Mantilha Dilacerada percebesse que o Comando Desmodus ainda estava por perto.
Um informe chegou às 22h e 25min: todas as escutas, câmeras e aparelhos eletrônicos haviam sido vaporizados.
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Alijandro tinha ficado na portaria do prédio, uma espécie de posto avançado de vigilância, só para o caso de alguém resolver bisbilhotar. Entretanto, o motivo real para que ele não pudesse participar do massacre junto com os outros era devassidão que estigmatizava sua estirpe. Seu povo era excessivamente afeito a uma boa suruba, portanto, ele mesmo era MUITO suscetível ao poder de Ana Clara.
Conhecendo Ana Clara e Bárbara não era difícil deduzir o que elas estariam fazendo naquele apartamento. Em sua imaginação ele se via entre os corpos das duas putinhas e, sinceramente, não estava inclinado a destruí-las antes de dar umas boas gozadas naqueles rostinhos maravilhosos.
A cada cinco minutos, Alijandro via gostosas passarem do outro lado da rua. Adorava o Brasil. Gostava de assistir programas brasileiros e ouvir suas músicas sensuais. Apreciava imensamente a reação das mulheres brasileiras ao verem o tamanho do seu bordão quando assumia sua verdadeira forma, mesmo que se assustassem um pouco com a cabeça de tigre-siberiano que encimava o maciço corpo antropomorfo. Isso não importava para elas depois que viam a outra cabeça, a cabeçola vermelha, inchada, pronta para o trabalho duro. Amava sua verdadeira forma, orgulhava-se dela e por isso era-lhe tão penoso permanecer "humano", um pigmeu com menos de dois metros, com uma vareta medindo pouco mais do que um quarto de metro, cara pelada e depósitos adiposos onde antes só havia músculo. A única coisa que gostava em sua forma humana era a juba farta que lhe cobria o topo da cabeça, aquilo que os ignaros chamavam de cabelo. Ficava pelo menos uma hora e meia cuidando dessa juba, suas escravas faziam tranças que desciam pelos lados de seu rosto até o peito cabeludo e amarravam-na cuidadosamente com tiras de couro em três rabos-de-cavalo.
Dizem que imaginação é aquilo que faz sala à uma mulher quando seu marido tarda a chegar em casa. Pois imaginação também era a companheira de Alijandro naquela vigília solitária. Sua imaginação doentia estava quase fazendo ele perder o controle quando uma loira gostosona, peituda, entrou pelo portão.
A mulher percebeu o olhar de Alijandro sobre o seu corpo e sorriu, depois foi esmagada pelo corpo de Mathew, que fora arremessado pela janela do apartamento de Bárbara.
Alijandro ainda ficou parado três segundos inteiros antes de subir correndo pelas escadas, PUTO DA VIDA.
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Jean-Baptiste sentia os dentes vibrando, juntamente com todos os órgãos internos, devido ao impacto das paredes contra as suas costas, enquanto cruzava o interior do Edifício Carlos de Alencar.
Assim que sentira a mão fechando-se como um torno sobre seu pescoço ele emitira um comando mental que acionaria o seu dom de se transformar em névoa, mas os poucos milésimos de segundo que esse comando levara para ser executado foram suficientes para que seu corpo colidisse contra todas as paredes daquele andar e se projetasse para fora do edifício.
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Durante três anos, Bárbara vislumbrava a nobre figura do Tirano sempre que se distraía. Seus olhos verdes faiscantes, cuja sagacidade era tão intensa que ela jamais pôde fitar senão por frações de segundos; os belos e discrepantes traços de seu rosto, suaves e fortes, meigos e severos, potentes e delicados, traços magistralmente esculpidos no mármore branco que era a sua carne, e os longos cabelos negros que emolduravam seu rosto. Todas as agruras pelas quais passara naqueles três longos anos não fizeram Bárbara esquecê-lo, de modo que ela o reconheceu assim que seus olhares se cruzaram.
Privada de sua vítima imediata, Ana Clara avançou contra o corpo mais próximo (o de Bárbara), mas foi novamente agarrada pelos cabelos e puxada para trás.
- Três anos atrás - disse o Tirano enquanto segurava Ana Clara sem fazer nenhum esforço - você e seus amigos me atacaram, me estaquearam, me fantasiaram e me abandonaram para morrer incinerado quando o sol despontasse no céu.
Bárbara olhava fascinada para o poderoso vampiro ali postado diante de si, tranqüilamente segurando sua amiga frenética, enquanto quebrava uma espécie de ampola com os dedos e derramava o seu conteúdo na boca de Ana Clara. Embora ela preferisse vê-lo nu, tinha que admitir que aquele terno escuro enobrecia ainda mais sua magnífica figura. Entretanto, ela percebia uma espécie de manto fantasmagórico a cobri-lhe o corpo, assim como um capuz igualmente etéreo sobre o rosto.
- Você aproveitou-se da minha paralisia temporária para roubar um de meus anéis - continuou a falar, ao mesmo tempo em que arremessava Ana Clara de encontro à parede, com um gesto muito parecido ao de um trabalhador cansado que se livra do seu gorro, atirando-o no sofá.
Era o Manto Anátema que o Tirano usava, concluiu Bárbara. Um manto capaz de invocar as trevas inferiores, as mesmas trevas que ela mesma controlava. Como ela conseguia enxergar através da escuridão impenetrável, o manto lhe parecia fantasmagórico, mas para qualquer outra criatura ele seria inacessível.
- Quero esse anel de volta - concluiu.
Tantas perguntas zuniam na mente de Bárbara que apenas uma parte dela prestara atenção no que o homem dissera. Outra parte voltara ao passado, lembrando-se do momento em que surrupiara o tal anel do vampiro. Um belo anel que exibia um homem e uma mulher, nus, contorcendo-se. Não se podia dizer que se contorciam de dor ou de prazer e ela ficara horas analisando as diminutas figuras na esperança de descobrir, até que se cansara delas e atirara o anel em algum canto do apartamento. Uma terceira parte dela se perguntava o que havia na ampola que o Tirano tirara do bolso. Ela sentira o doce perfume do sangue quando a ampola fora quebrada, mas que tipo de sangue era tão poderoso a ponto de fazer Ana Clara, visivelmente dominada pela Sede, quedar inerte ao chão? Por que ele usava o Manto Anátema? Por que esconder sua face, visto ser tão poderoso?
- Quanto tempo? - perguntou o Tirano.
Por um instante, Bárbara pensou que o vampiro estivesse falando com ela, mas logo ouviu uma voz poderosa e cheia de maldade, atrás de si, respondendo:
- Não menos do que uma hora.
- Uma hora será suficiente - disse o Tirano puxando a menina de branco, fazendo-a soltar-se do pescoço de Apófis e jogando-a em direção ao outro vampiro.
O corpo da menina voou lentamente através do quarto - as trevas do Mundo Inferior possuíam uma consistência muito mais densa do que o ar - em um arco perfeito até que o outro vampiro a agarrasse no ar e, em um movimento fluido, mergulhasse os dentes naquele pescoço infantil.
Esse vampiro vestia-se com um sobretudo encarnado, tão vermelho que estava próximo do negro, contrastando com o branco de sua pele, o amarelo de seus olhos e o escarlate gritante de seus cabelos.
O Tirano arrancou um dos anéis da mão reptiliana de Apófis, depois deu um tapa com as costas da mão no queixo do Filho de Lâmia, como se espantasse uma mosca, fazendo com que seu crânio se despedaçasse com o choque. O maxilar inferior simplesmente se desintegrou enquanto o resto da cabeça espalhou-se pela parede do quarto.
Se Bárbara fosse humana teria perdido momentaneamente o controle sobre seu esfíncter naquele momento.
Nem mesmo chegou a ouvir o gemido de Ana Clara ao se levantar. Ela sentia que todos os seus ossos estavam quebrados, mas levantou-se mesmo assim.
- Você realmente sabe como tratar uma dama, Sr Montefeltro - disse a vampira, concentrando-se para usar o Sangue e regenerar ossos quebrados e tecidos rasgados - Podia, pelo menos, ter deixado alguns ossinhos ou cartilagens inteiros, né?
- Quem? - perguntou Bárbara, erguendo os olhos para ver o rosto do Tirano, porém sem conseguir encará-lo.
- Ah, vocês não foram apresentados - retrucou Ana Clara - O que não me surpreende considerando a nobre educação européia demonstrada pelo igualmente nobre senhor Julian Di Santa Cruce Montefeltro Maclavellus. É um nome grande, mas com o tempo você decora, Babi. O ruivinho simpático ali no canto chama Nicolae Ivanovna Basarab e a loirinha que ele está sugando chama Michelle da Costa Araújo Munhoz. Eles têm uma relação imprópria e doentia, mas quem sou eu pra criticar, né? A propósito: Tem como acender as luzes?
Num ato reflexo, Bárbara atendeu ao pedido da amiga e fez as trevas se dispersarem.
- Menina - falou Julian, dirigindo-se a Bárbara - traga-me o anel. Agora.
Sem saber direito o motivo da pronta obediência, Bárbara rapidamente cruzou o apartamento até a estante onde guardara o anel - irônico perceber como era capaz de lembrar-se exatamente onde o colocara, mesmo tendo-o esquecido lá por um ano e meio - retornando a seguir e entregando-o a Julian.
O vampiro analisou por um momento a peça e depois a colocou no dedo. Como Bárbara era a única por ali capaz de enxergar o rosto do Tirano, sob o Manto Anátema, somente ela pôde ver o sorriso de satisfação que rapidamente iluminou seu rosto.
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Jean-Baptiste deixou seu corpo gasoso se dispersar, fluindo através das frestas da parede e desaparecendo nas entranhas do prédio.
Sem ter olhos para enxergar, ouvidos para ouvir, pele para tocar, língua para provar ou nariz para cheirar, o vampiro francês deixou-se guiar pelas pálidas auras dos desmortos. Sua presa, Bárbara, estava sentada em alguma superfície, provavelmente sua cama, assustada e intrigada com alguma coisa; Ana Clara estava em pé, ao lado de Bárbara, mais assustada do que a amiga, mas tentava disfarçar isso com humor; diante delas estava o vampiro poderoso que ele reconhecera como sendo o Tirano, ou pelo menos, aquele que Darkmoon acreditava ser o Tirano, não havia emoção alguma nele, talvez um pouco de tédio; a uns quatro metros do trio estava o outro antigo e sua aura quase totalmente negra mostrava feixes de êxtase tão intensos quanto os que haviam nas vítimas de Ana Clara; e tinha ainda uma quinta aura, de padrões totalmente bizarros, mais do que qualquer outra que o vampiro francês tivesse vislumbrado, alguém cuja energia vital estava sendo sugada pelo vampiro ruivo.
Ele estava pensando no que ia fazer a seguir quando percebeu que a atenção de todos havia sido transferida para a porta do apartamento, de onde emanava a forte energia espiritual de Alijandro.
Em seguida, ouviu a voz de Otaviano Arcanjo em sua cabeça:
- Saia daí, velho amigo. Por que se arriscar por uma causa que já não lhe proporciona nenhuma satisfação?
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- Livre-se da Fera, Srta Scariötto - ordenou Julian.
- Senhor, sim senhor - respondeu ironicamente Ana Clara, batendo continência.
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Jean-Baptiste aproveitou a pequena distração para dimanar o seu corpo gasoso para fora do apartamento e deixando-o ser levado pelo vento. Sentia a mente de Otaviano a lhe guiar.
- Venha - dizia Otaviano - Tenho várias surpresas agradáveis para você.
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Alijandro sabia que poderia morrer nas mãos de Ana Clara, mas seu mastro soberbamente içado não permitia que a parte superior do seu cérebro se comunicasse com o resto.
- Vem cá, amor - a putinha o provocava, com uma cara de safada que faria as profissionais de Madagascar contorcerem-se de justificada inveja - Deixa-me sentir essa vara enorme dentro de mim, deixa.
A vagabunda andava em direção a ele, rebolando e beliscando os mamilos em uma dança sedutora e perigosa. Alguma coisa dentro da cabeça de Alijandro ordenava que ele corresse dali. Implorava que ele voltasse as costas para Ana Clara e corresse, mas seu mastro apontava para frente, Alijandro sentia as contrações musculares como fisgadas, um magnetismo fatal exercido pela MÃE-DE-TODAS-AS-PUTAS ao qual ele simplesmente não podia, nem queria resistir.
Quando Ana Clara fechou a mão sobre a carne intumescida, o mundo de Alijandro explodiu em uma miríade de sensações prazerosas. Sua última ação consciente foi levantar Ana Clara e fazê-la montar no seu bordão. A partir de então, todo o resto (o mundo, a vida) deixou de ser importante.
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- Sim - disse Julian, respondendo à pergunta não-formulada de Bárbara - é verdade que eu sou o Primeiro Tirano. Fui tão facilmente capturado pelo seu patético bando de pseudo-anarquistas porque minha alma dual acabara de integralizar-se.
- Eu não...
- Claro que você não entende, Bárbara. Nem é necessário. Basta-lhe compreender esta simples verdade: Eu sou o Princeps Mundi.
O Tirano sentou-se na cadeira de madeira cruzando as pernas, totalmente relaxado, como se fosse dono do lugar.
- Por que lhe chamam de Julian? - perguntou Bárbara, abraçando o joelho.
- Você não é estúpida, portanto não aja como se fosse.
- Certo, mas por que variações de nomes tão famosos e símbolos sacros? Nostalgia ou uma profunda necessidade de compensação?
Bárbara viu no erguer involuntário da sobrancelha do Tirano um sinal de reconhecimento, até mesmo de admiração.
- Nada disso, Bárbara: Maclavellus representa minha visão distópica; Julian é o legado que jurei preservar; Santa Cruce representa o poder atemporal e eu gosto de Montefeltro.
- O que quer de mim, Julian?
- Vou lhe prestar um serviço. Consolidarei um de seus anseios, porquanto seus sonhos co-incidem com meus desígnios.
- Tenho muitos sonhos.
- Dos quais somente um está completamente fora de suas capacidades, recursos, poderes do Sangue, influência política e (porque não?) fé.
- La Cathédrale.
- Exato.
- Mas isso é completamente impossível.
- Tal coisa inexiste, Bárbara. O impossível é tão somente um tanto mais abstruso do que a maior parte dos vivos (ou mortos) consegue obter. No entanto eu não tenho tempo para discutir isso com você agora - disse, encerrando a entrevista - Creio que sua amiga já tenha acabado com o tigre-demoníaco.
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No alto do Edifício Carlos Fenício dois pares de olhos atentos acompanhavam a saída de Julian e Nicolae.
- Quem é ele, Otaviano?
- Você devia ter deixado o Tribunal Negro quando Pietro chamou, Jean-Baptiste. Obviamente sua mente foi afetada pela idiotice deles, durante esses três anos adicionais. Não reconhece o Primeiro Tirano?
- Primeiro, eu nasci depois daquela época, querido. E você também. Segundo, como eu vou reconhecer o sujeito com aquele capuz? Terceiro, eu não estou me referindo ao Tirano, mas ao outro: o ruivo.
- O capuz dele consegue reter-lhe a aura? Aquele é Nicolae, da Família Ivanovna.
- Um Ivanovna trabalhando para outro vampiro? - riu-se Jean-Baptiste.
- Um bastardo, com certeza.
De súbito, Otaviano sentiu a língua de Jean-Baptiste invadir-lhe a boca.
- Mais frio do que eu me lembrava - disse o francês.
- Muita coisa mudou, querido.
- Então por que me chama de querido ainda?
- Velhos hábitos humanos, eu acho. Como bocejar, suspirar, corar às vezes...
Jean-Baptiste ficou amuado depois disso. Que merda de diversão poder-se-ia esperar ao lado de uma estátua de gelo como Otaviano tinha se transformado? Adorava vê-lo desconfortável com seus beijos, irritado com seus afagos, envergonhado de si mesmo e de sua sexualidade, mas três anos longe dele pareciam tê-lo feito conformar-se.
- Vamos - disse Otaviano, sem ligar para a expressão de enfado no rosto do francês - temos que voltar ao meu apartamento.
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Bárbara sentiu sua amiga abraçando seu corpo, assim que se viu a sós com ela.
- Não deixe que o monstro te assuste, Babi - falava Ana Clara - Basta que eu fique morrendo de medo dele, viu? Não deixe que o miserável assuste você, amiga.
A confusão de Bárbara era tão grande que, durante alguns minutos, deixou-se abraçar sem esboçar qualquer reação, os braços jogados ao lado do corpo nu. Depois sentiu uma necessidade absurda de agarrar Ana Clara, somente para senti-la, o único vestígio de normalidade que lhe restava. E passou a abraçar a amiga com igual intensidade.
Bárbara percebia que sua não-vida tinha acabado de dar outra guinada e, como de hábito, esqueceram de avisá-la.