Marcia
Mar aberto singra o pélago minha Nau a deriva,
Sem horizonte, sem cais, mera embarcação levada pelo vento,
As velas infladas enchem meu peito de saudade.
Ancorar foi minha maior aspiração, minha maior tormenta,
Fui corsário, vadio, pilhei tanto, vir-me vazio,
Deserto na imensidão destas noites insólitas.
Receio navegar por anos mais,
Meus desejos naufragados nestas manhas abissais,
Em segredo ecoa seu nome abafado em minha garganta.
Canções de guerra para voltar a lutar por sua presença,
Canhões voltados para o norte
Para abordar a sorte.
Imaginei você seminua, deusa, sereia,
Perfeita criação da natureza viva,
Arquipélago de inúmeras descobertas.
Amar-te-ei em vida como na morte,
Despirei seu corpo com profanas intenções,
Mergulharei entre suas pernas ate naufragar de prazer,
Invadirei seus mais íntimos segredos e serei dono absoluto de seu gozo,
E, quando não mais existir o que pilhar,
Saquearei seu coração sem pudor, sem hesitar, eu o terei para todo sempre.