Aqueles que dormem na rua,
Miseráveis entregues ao abandono,
Os que esmolam nossas migalhas,
Roubando um nada de nossa atenção.

Filhos sem pai nem mãe, sem irmãos,
Rastejando por entre mesas,
Apregoando o que não venderão.
Tratam de apenas sobreviver
Em meio a nossa indiferença,
Relegados ao esquecimento,
Nada mais que figurantes de nossa preocupação.
Amor fraternal de nossa boca para fora,
Longe de ser o mesmo da boca para dentro!

Quem são esses espectros?
Uns bêbados, outros loucos...
Espantalhos de nossas especulações intelectuais,
Mas que ignoramos existir realmente...

Sentimos pena. Sim, que beleza!
Antes sentíssemos alguma identificação.
Ora, isso não é tema de nossas inspirações...

E se assim fosse, seria por pura distração...
São eles algo que se possa dizer nosso?
Serão por acaso igual a nós?
E terão por acaso algum direito?
Seriam mais ou menos humanos que nós?

Nunca seremos capazes de responder,
Ou se o fizermos será menos que nada,
Será menos por necessidade humana
Será mais por auto comiseração
Ou se acaso fizermos qualquer coisa
Somente faremos para desencargo da consciência.

Inventemos, então, a desculpa que for,
Racionalizemos para justificar a inércia,
Mas a verdade se apresentará sempre triste,
A verdade que insiste e nunca mente,
Os esquecidos por nós são como nós,
São certamente nossos irmãos...

(Poesia On Line, em 26/04/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 26/04/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2219897
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