VENENO
Visto-me de luto, de morte;
(Como se não houvesse passado toda a existência, assim).
Entorno na taça o veneno;
(Não foi suficiente o próprio veneno expelido e absorvido por mim).
Nego à vida a minha sorte;
(Que eu mesmo possa cuidar de morrer, para não o fazer, vivendo).
Exaurido de esperança, me condeno;
(Assim, sempre me comportei, ante a pena: inerte).
Na expectação, olhos malditos me desejam.
(Pela condenação que me aplico, já me estariam tangendo).
O meu despeito faz com que doidejem;
(Dispo-me do luto, pelos olhos dos que me estão bem querendo).