VENENO

Visto-me de luto, de morte;

(Como se não houvesse passado toda a existência, assim).

Entorno na taça o veneno;

(Não foi suficiente o próprio veneno expelido e absorvido por mim).

Nego à vida a minha sorte;

(Que eu mesmo possa cuidar de morrer, para não o fazer, vivendo).

Exaurido de esperança, me condeno;

(Assim, sempre me comportei, ante a pena: inerte).

Na expectação, olhos malditos me desejam.

(Pela condenação que me aplico, já me estariam tangendo).

O meu despeito faz com que doidejem;

(Dispo-me do luto, pelos olhos dos que me estão bem querendo).

Paulo Kol
Enviado por Paulo Kol em 23/01/2010
Reeditado em 25/01/2010
Código do texto: T2046114
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