Teu Olhar Feiticeiro

Caía a tarde, que se queria tediosa, preguiçosa e indolente.

Respingos ébrios de chuva, em tépida honraria, orvalhavam as flores

Insistentes, lascivos, a tentar, inutilmente, seduzi-las somente.

Só havia uma tiara de estrelas, a enfeitar teus cabelos, cor da noite que vinha

Tangente, arredia, de olhos sorrindo – eis que chega a Rainha!

Inconfidente, discreta, inconsistente e tardia; a trazer em seu séquito

Namoro maduro, de beijos roubados, sôfregos, ansiados – indiscretos;

A magia de um olhar, um farnel de promessas e feitiços de amores.

Já comparei o sentimento de quem ama ao ofício do ourives lapidando um diamante: é preciso, no mister de prospectar as profundezas de quem amamos, o uso do cinzel da magia, para que as suas cem faces exibam toda a sua esplêndida luminosidade. Mesmo assim, por mais belo que seja, nenhum diamante jamais terá a incomparável intensidade e a fulgurante beleza do brilho do olhar de meu amor.

Vale do Paraíba, tarde do primeiro Sábado de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 08/11/2009
Reeditado em 17/08/2020
Código do texto: T1911206
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