Teu Olhar Feiticeiro
Caía a tarde, que se queria tediosa, preguiçosa e indolente.
Respingos ébrios de chuva, em tépida honraria, orvalhavam as flores
Insistentes, lascivos, a tentar, inutilmente, seduzi-las somente.
Só havia uma tiara de estrelas, a enfeitar teus cabelos, cor da noite que vinha
Tangente, arredia, de olhos sorrindo – eis que chega a Rainha!
Inconfidente, discreta, inconsistente e tardia; a trazer em seu séquito
Namoro maduro, de beijos roubados, sôfregos, ansiados – indiscretos;
A magia de um olhar, um farnel de promessas e feitiços de amores.
Já comparei o sentimento de quem ama ao ofício do ourives lapidando um diamante: é preciso, no mister de prospectar as profundezas de quem amamos, o uso do cinzel da magia, para que as suas cem faces exibam toda a sua esplêndida luminosidade. Mesmo assim, por mais belo que seja, nenhum diamante jamais terá a incomparável intensidade e a fulgurante beleza do brilho do olhar de meu amor.
Vale do Paraíba, tarde do primeiro Sábado de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)