Assim me chamam


Obliterei os muitos erros do passado;
banalizei os meu acertos no presente.
Errei demais e nunca estive tão errado
do que no ímpeto de ser inconsequente.
Das minhas glórias não restou nenhum legado
e nos meus sonhos nada há futuramente.
Fugir pra quê, se já em mim sou exilado?
Aonde eu for sou condenado em minha mente.
Rasguei os tratos que assinei sem ter pensado,
indo de encontro ao que firmei solenemente.
Agora, vendo que tudo isso era forjado,
jamais verei o quanto eu vi em muita gente.
Um gosto amargo remanesce desse enfado
no qual a vida me jogou, indiferente.
Indiferença é o poço fundo em que hoje nado,
onde não vejo escapatória à minha frente.
Rompi com tudo e o mundo, então, pôs-me de lado.