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Amarela... Essa cor tem a languidez da fêmea.

Na janela inconsciente de mim, pífio poeta,

Navego junto às silhuetas que a visão ofusca.

Entre as alças, sutil, esse caminho é mortal.

Prefiro os olhos cerrar para melhor desnudar

A madeixa exuberante que o amarelo esconde.

Um, dois, dez, mil fios de lã, pêlos... sei lá!

Louco estou com a proposta indecente que faço

A mim mesmo, cruelmente e num fiasco.

Fantasiar imaginando um corpo intangível

Revelaria demência,desvario ou pouca sorte.

Entrementes, para mim, é privilégio bem real.

Inventado, claro, sou mesmo um altista e daí?

Raiva deve ter quem sequer essa ilusão tem!

E ser alvo de alucinações nessa hora faz bem.

Mas... uma perguntinha. Poderia responder?

O que fitam esses olhos assustados e sedentos?

Recostado à parede, tento deles conseguir,

Esperançosamente, um pouco dessa volúpia...

Intriga-me todo o conjunto: rosto, olhos, boca...

Resta-me sonhar, imaginando o restante:

Alma, espírito, sexo... Devem ser extasiantes!

Deveras encantado você me deixou agora.

Antecipadamente eu revelo: não deveria!

Seria fuga e disso não gosto, entretanto,

Interceder comigo mesmo noutro sentido

Levando-me a correr de você, um perigo,

Visando a nunca mais recorrer ao encanto

Antagônico e mágico que você me traz.

Fortaleza-CE, 14 de setembro de 2005.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 30/07/2009
Reeditado em 24/09/2011
Código do texto: T1728308
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